sábado, 8 de janeiro de 2011

A CRUZADA DE TIRIRICA



Francisco Everardo da Silva, o Tiririca, se elegeu Deputado Federal com uma votação mostruosa, como foi amplamente divulgado. O "politizado" eleitorado paulista, reduto da celebridade Mayara Petruso, foi além do voto de protesto, passando ao voto de deboche, elegendo um nordestino semi-alfabetizado para a Câmara Federal.

Em 2002, o fenômeno fora Enéas Carneiro, e em 2006, Clodovil Hernandez.

Enéas já era um político de certa rodagem, com três candidaturas à presidência no currículo e o controle absoluto de um partido nanico, mas que girava em torno dele. Usou desse poder para deixar a sua legenda ser absorvida pelo PR, que em troca lhe dava sobrevivência política.

Clodovil era um político iniciante, mas incrivelmente esclarecido, apesar de seu péssimo humor e impaciência absurdas. Chegou a apresentar projetos acerca da saúde masculina, reclamou no microfone do clima de feira livre do Plenário que não dava a mínima para quem discursava, mas também baixou o nível com a deputada Cida Diogo, cuja beleza foi alvo de comentários indelicados.

Tiririca chega, como ele próprio admite, sem experiência nem preparo. Confessa que não está preparado para subir à tribuna, e que possivelmente não o fará durante sue mandato.

E daí?

A maior parte dos discursos não tem a menor importância, nem para os próprios parlamentares, que entram e saem do plenário, lêem jornais, acessam a Internet, falam ao telefone, contam casos, fazem de tudo enquanto quem discursa gasta garganta.

A Câmara é composta por 523 membros, dos quais pelo menos 400 são do chamado baixo clero, um agrupamento que passa a maior parte do mandato à caça de recursos para suas bases eleitorais, passando o pires em diversos órgãos, além de tentar emplacar emandas no Orçamento que não raro, são cortadas, seja pelo relator, seja pelo Executivo. Essas verbas podem lhe render dividendos nas próximas eleições, ou podem ajudar aliados.

Alguns mais abastados conseguem indicar afilhados para ocupar cargos comissionados que poderão lhe render vantagens no futuro. Dificilmente o baixo clero ocupa cargos em comissões importantes.

Agindo na sombra, mas em conjunto, não tem pudor em aprovar vantagens pessoais, como o aumento de salários ou de outras remunerações indiretas. Em tempos de eleição da Mesa Diretora, essas vantagens pessoais são ótimos instrumentos de barganha.

Alguns apresentam projetos desnecessários, como a intituição do Dia Nacional Disso, ou a indicação de determinado município como a Capital Nacional Daquilo.

É nesse grupo que Tiririca deve se encaixar, pelo menos agora. Mas ele tem uma boa oportunidade para se destacar: a defesa da educação!

Isso mesmo. Concordo com um artigo de Gilberto Dimenstein sobre o tema. Tiririca teve o acesso ao ensino negado pelas condições em que viveu, e nada melhor que alguém que sofreu tanto defender quem ainda pode escapar desse sofrimento.

Pode defender que as verbas aplicadas no ensino sejam pelo menos melhor aplicadas, e se possível, em maior quantidade. Pode defender que o mantante aplicado atualmente, que hoje privilegia a quantidade, seja revertido em qualidade.

Pode defender que o ensino seja uma etapa de preparação para a vida, e n~çao para o mercado de trabalho, como muitos jagunços tecnocratas defendem.

Pode defender uma cobrança em cima dos professores, desde que a eles sejam dadas as devidas condições para tanto.

Pode defender que estados e municípios apliquem com clareza e justiça os recursos recebidos pelo Fundeb, sem aqueles contratos sem nenhuma vergonha, que vão beneficiar esse ou aquele, e não quem deve ser beneficiado.

A tarefa é dura, mas pode ser gloriosa.

O fato de ser pouco letrado pode ser amortecido por uma boa equipe de assessores, que pode lhe orientar bem. Além do mais, basata sair perguntando aos nossos congressistas, que logo ficará claro que a maioria não conhece itens legais básicos, como a verba constitucional reservada à educação e saúde, por exemplo.

Tiririca não pode ser encarado como causa, mas como consequência do descrédito da classe política. Descrédito merecido, diga-se de passagem.

Só para encerrar e descontrair (ou preocupar): Enéas e Clodovil, deputados campeões de voto em São Paulo nas duas eleições anteriores, não poderão acompanhar a atuação de Tiririca, por motivos óbvios.

Será a a maldição do campeão?

Te cuida, Deputado...

NA LATA DE LIXO DA HISTÓRIA

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

FOTO PRIMOROSA



Não vou discutir aqui a qualidade do Governo Lula, mas a foto aí de cima.

Não sei quem foi o fotógrafo, mas ele conseguiu captar exatamente a mensagem da campanha do petista em 2006, cula lema era "Lula de novo, nos braços do povo"

Nem a assessoria de Obama teria feito melhor

LAMA OU PRAIA?




Viana é uma espécie de primo-pobre da região da Grande Vitória, continuação da já combalida Cariacica.

Nos últimos anos, o município foi um feudo de famílias que se revezavam no poder. Nos últimos anos, em especial, os Lube, de Leonor (chamado de Nonô) e sua filha, Solange, que governaram os vianenses durante doze dos últimos dezoito anos. Inclua-se aí os dois anos de administração de Angela Sias, apadrinhada de Solange.

Angela para assumir o cargo teve que enfrentar uma batalha judicial tão desgastante quanto a batalha eleitoral. Com acusações diversas, sua candidatura esteve a ponto de ser cassada pela Justiça: enquanto sofria uma derrota por 3 a 1, um desembargador pediu vistas ao processo.

Quando retornou, votou a favor de Angela, acompanhado por outros dois colegas, caracterizando uma virada inesperada.

De fato, administrar o município não é fácil, dada a sua baixa arrecadação e a dificuldade em atrair investidores. Por isso, a dependência de mesada do governo estadual, e de vez em quando, do federal, Não por acaso, o ex-governador Paulo Hartung era bajulado pelas autoridades locais.

Solange se elegeu Deputada Estadual, graças aso votos de Luiz Carlos Moreira, ficha-suja que teve a barra limpa pela Justiça. Sem esses votos, a vaga iria para Nilton Baiano, do PP e de outra coligação. Coisas das eleições porporcionais.

Pois bem, a atual ocupante da cadeira resolveu passar o fim de ano no Rio de Janeiro, o que não fez questão nenhuma de esconder. Basta ver o seu twitter: @angela_sias.

No último fim de ano, as chuvas causaram estragos no estado, e Viana não passou imune, como de hábito. Os estragos, como sempre, foram grandes: gente desabrigada, que perdeu muita coisa ou tudo que conseguiu acumular durante uma vida sofrida.

Nada contra a mandatária passar seu descanso onde achar melhor, mas em um momento de tanta dificuldade, soa muito mal ela dizer para todo mundo o quanto é legal passea pelas praias e shoppings da Cidade Maravilhosa e Belicosa, enquanto boa parte dos vianenses têm que pedir aos céus que os estragos não sejam tão grandes.

Ser ocupante de cargo público não é como um serviço comum, onde você tem hora para chegar, hora para sair, período determinado para férias, e por aí vai. Seria muito útil que a prefeita acompanhasse de perto os estragos, e participasse das medidas iniciais, além de ter contato direto com os prejudicados, coisa que é impossível se fazer pelo telefone, ou pelo twitter.

Se for sacrificante demais, ela pode renunciar ao cargo, e procurar uma função que se adequa às suas aspirações de descanso no período em que escolher.

Também poderia ser mais compreensiva quanto às críticas e ironias no Twitter. caso não goste, pode responder no mesmo tom, ou simplesmente ignorar.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

QUEM É ELA?



Leitores mais informados, por favor, me expliquem:

Quem é a mulher de faixa do lado do marido da Marcela Temer?

Prestei tanta atenção na mulher do vice-presidente que essa gordinha nem me chamou atenção.

FIGURA DETESTÁVEL



Existem algumas figuras que povoam o imaginário de ódio e galhofas no imaginário popular: a sogra e a madrasta são algumas delas.


A sogra é cantada e decantada pelo estereótipo da pessoa rabugenta, inconveniente e que vive a perturbar a vida de genros e noras. Se você for ao Google, encontrará uma infindável lista de piadas sobre essa parente.

Mas, não é da sogra que eu escrevo, até porque eu não tenho problemas com tal pessoa.

Madrasta é tão ruim, que já começa com má. Não é jogo de palavras inútil dizer que se madrasta fosse boa, ela seria boadrasta.

E quando essa figura sórdida se separa de seu pai, então, é um motivo muito maior para que você a odeie.

Se seu pai é falecido, e ela tripudia sobre a sua memória? É um atentado contra a sua honra.

Dizem que contrário de amor não é ódio, é desprezo. Só que desprezo pode despertar compaixão ou alguma atitude de piedade, coisa que não quero fazer. O ódio é um sentimento que é bom você deixar guardado, para ser usado na hora certa.

Talvez o momento certo seja agora.

Não quero ser amigo de quem me tratou mal ou fingiu ser meu amigo a vida inteira.

A vingança nunca é plena, mata a alma e envenena, disse um dia o intelectual do lumpem proletariado, o Seu Madruga. Mas, com a devida licença desse ícone pop, altero a sua mensagem:

A VINGANÇA QUANDO BEM EXECUTADA É MAIS DO QUE PLENA.

Quanto ao envenenamento, um bom remédio desinfecciona.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

MARCELA TEMER E AS DUAS BARANGAS VELHAS





Terça-feira pela manhã, a primeira de Janeiro: acordo por volta das oito e meia da manhã, e com uma preguiça monstruosa para levantar, me ponho a zappear a TV, até encontrar insosso Mais Você, de Ana Maria Braga, que contava com a participação de Eraldo Pereira e de Betty Lago.


Eraldo é um jornalista da elite da emissora. Polido, se limitou a comentar os bastidores da posse de Dilma Roussef sob o aspecto meramente político, e quando saiu do tema, fazia esclarecimentos sobre as formalidades da cerimônia.

Betty Lago é uma ex-modelo (descobri agora) e atriz mediana na Globo. Como tal, se pôs a discutir o figurino da presidenta. Criticou o fato de a presidente ter entrado no Congresso pela chamada Chapelaria. Talvez não soubesse a criatura que a chuva que caía sobre a Capital Federal impedia uma passagem melhor.

Conversa vai, conversa vem, o nome da Marcela Temer vem a tona. É inegável que a vice-primeira-dama (ou primeira-vice-dama?) é uma mulher muito bonita, e a diferença de idade entre ela e seu marido é incomum (mais de 40 anos).

Mas, e daí? Qual o problema?

E além do mais, criticar a roupa e o cabelo de Marcela é de uma inveja que beira o ridículo. Não sou um entendedor de moda (ainda mais feminina), mas a atenção que Marcela atraiu já é por si só uma demonstração de que ela estava encantadora, para dizer o mínimo.

Ana Maria ainda alfinetou quem critica a diferença de idade entre ela e seu marido.

Mas, para criticar Marcela, é bom que as duas pensem um pouco, se isso for possível, dada a quantidade de laquê, que por certo, enrijeceu seus neurônios. Feio não fala da beleza de quem é bonito, e ponto final. E como Marcela é bonita!

Aliás, quem vertia baba por Carla Bruni, deve salivar um Rio Amazonas por Marcela Temer. E não serão duas barangas de terceira idade que me farão pensar diferente.

Em tempo, um recado para Sarkozy: esqueça essa história de vender jatos para o Brasil. A mulher do Temer vale por uma Força Aérea inteira.

AS OLIMPÁDAS ESQUECIDAS



É óbvio que as Olimpíadas de 2016 atraem para os brasileiros mais atenção que as de 2012. Negar isso seria negar o óbvio.

Mas, a quem interessa renegar os Jogos de Londres? Será que as disputas na terra da Rainha Elisabeth merecem ser puladas, ou tratadas como uma mera preparação para o Rio de Janeiro? A quem interessa ignorar as próximas Olimpíadas?

Te dou um doce se você adivinhar, mas te dou uma dica: é uma empresa do ramo de comunicação, sediada no Rio de Janeiro, de propriedade de uma certa família Marinho.

A Globo, claro. Depois de levar uma pernada da Record, e perder a transmissão, a Vênus Platinada tenta riscar Londres do mapa olímpico brasileiro.

Se o argumento de prioridade do Rio de Janeiro fosse válido, então a CBF deveria mandar à África do Sul uma equipe com vistas à Copa de 2014, e não uma seleção com média de idade considerável, certo?

A emissora de Edir Macedo já conseguiu um sucesso inesperado nos Jogos de Inverno de 2010, promete fazer estragos em Guadalajara/2011, e causar traumas na onipotente concorrente em 2012. Mesmo que a Globo controle os direitos de transmissão de 2014.

Para o COB, no meio desse tiroteio, o argumento global até pode ser útil para justificar um vexame e pedir mais verbas para o Governo Federal.

Mia dinheiro para um desempenho abaixo do esperado, e para depois relegar os atletas ao esquecimento.

Enquanto os lados em contenda continuarão poderosos como sempre.

MINHA VIDA DE PROFESSOR - ANO 5



Não é exagero dizer que minha vida profissional de 2007 começou ainda em 2006. Tinha decidido ir para Viana em busca de tranqüilidade na hora de escolher vaga. E assim foi.


10 horas de aula na Escola Anília Knaak Buss, local que marcaria minha vida profissional para sempre. Eram 10, que se tornariam 21 mais adiante.

O início foi difícil, duro de me adaptar, tão ou mais distante que Terra Vermelha. Pensei em desistir, coisa que só faria adiante, mas por bons motivos.

Na terceira semana de aula, ainda esperava a vaga na Superintendência de Vila Velha, coisa que não vinha. Um telefonema da SRE oferecendo aula de manhã no Ormanda (olha eu lá de novo) bastou que eu estivesse em sala de aula mais ou menos 40 minutos depois de estar a toa em casa. O mais legal foi reencontrar meus monstrinhos de quatro anos antes do Pedro Herkenhoff, e mais alguns alunos.

No meio do ano, vagaram as aulas da noite no Ormanda, e me chamaram para elas. Tomei a difícil decisão de sair do Anília, coisa que me arrependi, não pelo Ormanda, mas pelo fato de já ter me acostumado à escola do Canaã.

Enquanto seguia minhas aulas sem maiores percalços pela manhã, pela noite a coisa foi meio complicada, até com atitudes claras de desrespeito. Mas, como diria Júlio César: vim, vi e venci. No Ormanda reforcei meus conceitos de esforço e recompensa. Valeu a pena aprova.

Em Outubro, outra surpresa: a oportunidade de trabalhar em uma escola particular, o Gauss. As escolas particulares eram uma espécie de El’Dorado do magistério alguns anos antes, mas à essa altura, já estavam em declínio, para depois se tornarem uma espécie em extinção, salvo algumas que quase por uma explicação darwinista, sobreviviam.

No Gauss, em quatro turmas, tinha uns trinta e poucos alunos, coisa que no Ormanda, tinha em uma sala só. Não sofri o mal do aluno-cliente que tanto temia, mas comprovei que o mês poderia ter muito mais que trinta dias, se é que me entende.

Um ano antes, tinha iniciado minha Especialização. Queria alguma na área de História, mas me especializei em Orientação Educacional. 2007 foi uma ano de avanços e retrocessos na pós: esperava terminá-la naquele ano para usar o certificado no processo de 2008, mas como não daria tempo, acabei relaxando. E não gozando.

Em 2007 completei 29 anos, e se tinha dúvidas sobre que caminho seguir, elas foram eliminadas.

Eu seria professor!

E era hora de arregaçar as mangas e enfiar a cara nos estudos, até porque em Janeiro haveria concurso do estado.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

TRADIÇÃO E DESPRESTÍGIO



Aprendi que a São Silvestre encerra o ano esportivo no Brasil, desde os tempos em que era disputada à noite.

A mais remota lembrança que tenho da corrida foi a vitória de José João da Silva, em 1985. Depois, veio os tempos de Rolando Vera, de Arturo Barrios, de Paul Tergat e da legião de quenianos...

Mas hoje, a prova não tem grande relevância internacional. Seu trajeto é curto demais, é disputada em um período fora de temporada, suas premiação é baixa, se comparada às principais provas internacionais, e por aí vai.

Ano que vem, para não atrapalhar o Reveillon da Paulista, o trajeto pode ser alterado. Para dar um aspecto mais “humano” ao percurso, os mendigos são expulsos aos jatos d’água do Minhocão. Afinal, a Globo não pode mostrar uma cidade suja. Ninguém se importa com os moradores de rua, nem mesmo quando eles retornarem ao local, logo depois da prova.

Os africanos que vêm para cá podem ser comparados aos brasileiros que vão jogar em centros financeiramente secundários no cenário internacional; não vem nenhuma estrela. Mas são o suficiente para bater os brasileiros, salvo uma exceção ou outra.

A corrida é tradicional, mas parece aquelas peladas de fim de ano.

MINHA VIDA DE PROFESSOR - ANO 4



Se eu acreditasse em horóscopo, diria que o início de 2006 foi uma espécie de inferno astral.

Formado, mas sem conseguir aulas. Formado, mas recebendo o certificado de conclusão apenas em Fevereiro, me restou me inscrever com estudante. Com uma penca e mais um saco de escolas municipalizadas, minhas chances ruíram.

Fevereiro e Março foram tensos demais. Ainda em fevereiro, a SEDU convoca 80 professores de História, para demonstrar-me que desgraça pouca era bobagem. Se não fossem as minhas reservas, frutos de gordos abonos, não sei não.

11 de Abril, aniversário de meu irmão caçula, e finalmente consegui voltar à sala de aula. Como substituto, mas voltei. Aprendi que o aluno trata o substituto como um ser que impede a sua chance de ter uma aula vaga. Era simplesmente ignorado pelos discentes.

Quinze dias se completam, e eu de novo, no ócio eterno... Não é música do Leoni, era a minha vida real, que só se alteraria com mais duas semanas, até receber um novo telefonema da Superintendência para pegar umas aulas em Terra Vermelha, na Escola Paulo César Vinha.

Mal sabia onde ficava, mal sabia o que esperar. A professora tinha deixado a escola sem avisar nada, e eu não sabia se seria substituto ou contratado até o fim do ano. Mas, fui. E gostei.

Gostei de lecionar à noite, gostei de lecionar para a EJA. Mas não gostei de saber que a escola seria municipalizada, e que meu contrato poderia ser encerrado de uma hora para outra. Escapei por pouco: só os professores do Fundamental passaram pela degola. Mas ainda me restava o obstáculo da decisão da escola de renovar ou não, o vínculo que se encerraria no meio do ano. Mais uma vez escapei.

Ao longo do ano, foram mais três substituições no Matutino: sofríveis e sofridas, que fiz para manter minha palavra. E mantive, o que me rendeu bons frutos lá na frente.

No Caic, como a escola era chamada, fomos tratados como secundários, por estarmos “de favor” por conta da Prefeitura. A diretora nos negava até o acesso à copiadora!

A sala dos professores era um ambiente pesado, de mexericos. Lugar de lamúrias. Tive que aprender a me defender, por vezes, usando as mesmas armas de quem me atacava.

O ano terminava, e sabia que dificilmente voltaria na escola, onde fui muito bem tratado pelos alunos, especialmente uma turma, onde minhas aulas pareciam um bate-papo. Pessoal de mais idade, gente boa toda vida.

No fim do ano, sensação de ter atravessado a tormenta.

Não cheguei limpo, mas cheguei ileso.


segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

MINHA VIDA DE PROFESSOR - ANO 3



O ano de 2005 começou com algumas esquisitices: primeiro, foram as minhas primeiras férias de fato, se conciliar o trabalho da escola com o do escritório. Passar um mês em casa, principalmente no mês de Janeiro, foi uma experiência inédita, e muito bons dias.


Na escolha, acho que erraram na minha classificação e de muitos outros, já que nunca entendi os critérios, mas de qualquer forma, sabia que pegaria a vaga logo no começo do ano. E foi assim: escolhi a Escola Sílvio Rocio, em São Torquato, com 20 horas. Na escolha de Cariacica, a Escola Alzira Ramos, com 11 horas.

Isso tudo com a ameaça de municipalização rondando a vida dos DT’s.

Estava feliz por fora, mas triste por dentro: não consegui voltar para o Ormanda nem para o Pedro Herkenhoff, e a primeira visita às duas escolas em que trabalharia não eram muito animadoras, dada às “instalações” e a fama dos lugares. Muitos alunos saíam dessas redondezas para estudar no Ormanda, e eu já sabia que quando alguém vai estudar longe quando se tem uma escola perto de sua casa, não se trata de um bom sinal.

Além disso: a decepção quanto à carga horária (no Sílvio Rocio, descobri que as 20 horas eram na verdade, 17 horas que se transformariam em 12 até Maio; e no Alzira ramos, eu tinha apenas 9 horas). O estado pagaria a hora-relógio ao invés da hora-aula.

Além do mais, não dava para sair do Alzira Ramos às cinco e meia e chegar na UFES às seis. Por isso, decidi nem ir para essa escola, e procurar algo melhor em Vila Velha.

No final da primeira semana, consegui seis aulas no Pedro Herkenhoff, o que era um alívio.

No Sílvio Rocio, aprendi o quanto o Ormanda era bom, por razões óbvias: a organização da escola deixava muito a desejar, o que se refletia na disciplina e por conseqüência, no ensino. Vi na prática que pode faltar de tudo na escola, menos organização. E cá entre nós, até alguns professores colaboravam para a desorganização.

Desorganização até no contrato: recebi a mais e tive que devolver tudo. Mas isso eu já sabia, embora causasse um descontrole nas minhas finanças.

No Pedro Herkenhoff, ganhei de brinde uma turma de Quinta Série, lecionando Geografia. A dificuldade de lecionar uma disciplina afim se revelou na alegria de ter uma turma com que me identifiquei como poucas vezes ocorreu. De alguns alunos, carrego as melhores lembranças de minha trajetória. Quando perdi por dois dias a minha turma para uma efetiva, isso foi dolorido, mas faz parte da vida de DT.

Para completar a minha polivalência, uma substituição de licença-maternidade no Sílvio Rocio, com Filosofia e Sociologia. Junte-se a isso, pegar as aulas de dependência no Pedro Herkenhoff, e o ano final da UFES, minha vida se tornara uma correria só. Detalhe que as aulas eram de Geografia, e que salvo as aulas de dependência, que iriam até Outubro apenas, deixaria de lecionar Históia.

Em Agosto, a surpresa de ter mais turmas no Pedro Herkenhoff, e ter que deixar o Sílvio Rocio. A vida me levou para uma escola que eu gostava muito de novo, e até o final do ano. Lá, as transformações profissionais também se tornaram pessoais. Mas isso é outra História.

E por aí foi: no fim do ano, escola municipalizada, sabia que não retornaria para lá de novo, e novamente, a apreensão da escolha de DT.

Escolha não, sobra.

Mas, com faculdade completa, embora não a tempo de me encaixar como habilitado.

A DESSELEÇÃO DO BRASILEIRÃO


A temporada 2011 está por começar, mas as “Seleções” dos Melhores de 2010, continuam sendo formadas. Melhores disso, melhores daquilo, e melhores naquilo outro.

Contrariando tudo isso, resolvi fazer uma “Desseleção” com os piores do Brasileiro-2010:

Fábio Costa (Atlético-MG): Fábio era uma herança maldita da era Marcelo Teixeira que permanecia na Vila Belmiro graças à dívida monstruosa que o clube tinha com o jogador. Depois de uma longa contusão sucedida por uma geladeira, Fábio foi levado para o Atlético por Luxemburgo para solucionar os problemas do gol, depois dos fracassos de Carini, Aranha e Marcelo. O problema só foi resolvido quando Renan Ribeiro, goleiro da base, foi lançado ao posto de titular. A batata quente foi devolvida ao Santos.

Belletti (Fluminense): oito anos de Europa, títulos por Barcelona e Chelsea, Belletti mal foi notado no campeão brasileiro. Contundido, ainda teve tempo de sentar no banco no último jogo. Pelo menos, pôde acrescentar um título ao seu currículo.

Álvaro (Flamengo): contratado para ser o sucessor de Fábio Luciano, Álvaro teve uma boa participação no Brasileiro de 2009, mas seu ano seguinte foi tão ruim, que lhe valeu primeiro a reserva, depois, a dispensa.

Thiago Heleno (Corínthians): indicado por Adílson Batista, Thiago foi tão mal, que foi apontado como um dos responsáveis pela queda de rendimento do time. Com a saída do treinador, foi posto no ostracismo. No final do ano, sua possível transferência para o Palmeiras foi comemorada pelos corinthianos. Daí, você tem uma idéia do prestígio do jogador.

Juan (Flamengo); Juan chegou a ser cotado para a Copa de 2010, e vinha em uma boa sequência no Flamengo, até seu prestígio ruir nesse ano. Vaiado pela torcida, e vendo a diretoria não tendo nenhum interesse em mantê-lo, Juan preferiu esperar uma proposta do mercado europeu, que não veio. O jeito foi se mandar para o São Paulo.

Pierre (Palmeiras): ano passado, Pierre era o cão de guarda da defesa alviverde. Desejado pelo mercado internacional, recebeu um aumento considerável de salário e teve boa parte de seus direitos adquiridos para segurá-lo no Parque Antártica. Se a queda do time foi impressionante, a de Pierre mais ainda, tanto que encerrou o ano na reserva, e fora do posto de um dos poucos queridinhos da torcida.

Richarlysson (São Paulo): jogador polivalente e mais um cotado para a Seleção, foi um dos retratos da queda de rendimento do tricolor em 2010. Desvalorizado no mercado e no clube, jogou a sua pá-de-cal na sua passagem pelo Morumbi com a ridícula e forçada expulsão contra o Fluminense, clube para o qual era cotado. Terminou o ano no Atlético Mineiro, buscando recuperar seu prestígio.

Lúcio Flávio (Botafogo): há muito tempo, o meia não era mais unanimidade em General Severiano, e mesmo quando o time ia bem, a torcida pegava no seu pé. Em 2011, provavelmente, iria para a reserva, se não fosse a sua transferência para o Atlas, do México, onde foi recebido como o “Pelé Branco”...

Leandro (Grêmio): outro polivalente que não deu certo. Sua temporada foi desastrosa, tanto que se tornou um peso financeiro desnecessário para a diretoria tricolor, e uma transferência não seria de todo indesejável.

Souza (Corínthians): teve muitas chances de provar ser o reserva útil necessário para Ronaldo, mas decepcionou, assim como fizera em 2009. No auge da crise no ano, com a demissão de Adílson Batista, era tão perseguido, que pediu para ser afastado. Não tendo quem bancasse o seu polpudo salário, restou à diretoria corinthiana emprestá-lo ao Bahia, a custo zero e bancando boa parte dos salários.

Keirrisson (Santos): o K9 saiu do Coritiba para o Palmeiras como uma promessa de craque. Depois de um início estonteante e uma sequência cambaleante, conseguiu uma transferência para o Barcelona, onde só vestiu a camisa e não jogou. Fracassou no Benfica e na Fiorentina, e sem espaço na Europa, voltou para o Brasil para se recuperar no Santos. Acabou o ano afetado pelas contusões e na reserva de Zé Love.
Técnicos: Vanderlei Luxemburgo e Luiz Felipe Scolari. No início da década, dirigiam times vencedores, e tinham que explicar vitórias, e não fracassos, como ocorreu esse ano. Desempenhos incompatíveis com seus salários.

Dirigente: Alexandre Kalil. Começou o ano prometendo um Galo campeão e terminou comemorando a escapada do rebaixamento e o fato de o Cruzeiro não ser campeão brasileiro.

Menção desonrosa: Internacional. Tá certo que o vexame contra o Mazembe não foi no Brasileirão, mas foi um daqueles papelões épicos.

domingo, 2 de janeiro de 2011

A TEMPORADA DO TOTTENHAM



Demorei a escrever sobre a temporada do Tottenham porque os times ingleses esticam a temporada Natal adentro. Duas rodas entre Natal e Ano Novo.


Rodadas que os Spurs aproveitaram bem e usaram para chegar ao quarto lugar, ultrapassando o Chelsea, que não deve ficar de fora da zona de classificação para a Champions por muito tempo. Os adversários do Tottenham são o líder Manchester City (com um jogo a mais e líder) e o terceiro colocado, o Arsenal.

A melhor notícia foi a liderança do grupo A da Champions, batendo Internazionale, Werder Bremen e Twentte. Pena que o sorteio jogou o time contra o Milan, adversário que não é mais o bicho papão de outrora, mas lidera a Liga Calcio e é um adversário para lá de respeitável.

Se não fossem os tropeços diante de adversários um pouco menos qualificados, o Tottenham estaria disputando o título da Premier League. Estaria.

Na Copa da Liga, eliminação depois da goleada perante o Arsenal. Vitória vingada por uma virada (3 a 2) no Emirates, depois de dezessete anos sem vitórias em terreno inimigo.

A Premier League é um sonho, a Champions é um sonho maior ainda, a Copa da Inglaterra é um sonho possível, se o objetivo for conquistar uma taça nessa temporada.

Mas,é de se observar a evolução do time: Gomes se fixou no gol, King na zaga, Assou Ekkotto na lateral, e mais algumas posições.

Mas, destaco dois jogadores: Van de Vaart, que se não é uma estrela mundial, é um soberbo jogador, e Bale, um dos melhores wingers da atualidade.

Ainda poderia citar Lennon, Dafoe, e mais alguns outros.

Pelo menos, o time parou com a gangorra, o que, para quem conheceu a instabilidade dos tempos de Martin Jol e Juande Ramos, é uma grande conquista.

MINHA VIDA DE PROFESSOR - ANO 2



Janeiro de 2004 não foi aquilo que pudesse se chamar de mês fácil: depois do primeiro ano sortudo de trabalho, restava-me ir para a Seleção de DT, onde escolher vaga seria como sria um golpe de sorte.

Pois bem: como esperava, saí de mãos vazias da escolha, realizada na sexta-feira anterior ao início das aulas. Traduzindo: o ano letivo começou com este que vos escreve fora da sala de aula, e sem muitas perspectivas. Nem mesmo na Prefeitura de Cariacica, onde dizia-se que as vagas sobravam, eu consegui alguma coisa.

Na terceira semana, consegui a tal atribuição na Escola Luzbell Pretti, Bairro Operário (viva Marx!), Cariacica, a uma hora e meia de ônibus de minha casa. Somente 15 horas em dois contr5atos, o que me impedia de pegar mais alguma coisa. Chegando lá, uma visão dantesca: a estrutura da escola era horrorosa, e a disciplina, pior ainda. Na terceira aula, já tinha a certeza que não voltaria mais.

E não voltei, sem nem ao menos querer saber de contrato.

Mais dois dias e fiquei sabendo que a Superintendência de VilaVelha estava liberando as vagas sem nenhum critério. Pude verificar isso na prática: 19 de Fevereiro, 6: 50 da manhã, fui o primeiro a chegar na SER, mas peguei a senha nº 3 (?).

Após as negativas de praxe, consegui a vaga que queria: 28 aulas no Ormanda Gonçalves, o meu sonho de consumo.

Chegando lá, descobri que o que aprendi no Pedro Herkenhoff não seria de todo o suficiente para lidar com o ensino Médio: a cobrança era muito maior, os desafios também, e os alunos, nem se fale. Lá aprendi a conviver com cobranças, o que me fez crescer muito mais.

O contrato funcionava da mesma forma como em 2003: se encerrava no meio do ano, e cabia à escola a decisão de renová-lo ou não; felizmente ele o foi, não sem redução de carga horária para 17 aulas, dada a pouca demanda. Na verdade, foi até bom já que consegui uma folguinha: meu horário foi montado de tal forma que consegui dois dias de folga.

Em Outubro, minha carga horária aumentou com as aulas de História e Geografia do Espírito Santo, disciplina que freqüentava a grade de então. Pois bem, era hora de retomar o ritmo frenético.

No final de ano, minha convivência com os alunos tinha melhorado sensivelmente, a ponto do sentimento de falta ser recíproco ao sair de lá. As peladas na hora do recreio também me deixariam saudade.

No fim de ano, me acostumei e me adaptei ao Ormanda. Saí dela satisfeito com meu trabalho e com medo de ir para um pandemônio no ano seguinte.

Medo que se confirmaria.