domingo, 2 de janeiro de 2011

MINHA VIDA DE PROFESSOR - ANO 2



Janeiro de 2004 não foi aquilo que pudesse se chamar de mês fácil: depois do primeiro ano sortudo de trabalho, restava-me ir para a Seleção de DT, onde escolher vaga seria como sria um golpe de sorte.

Pois bem: como esperava, saí de mãos vazias da escolha, realizada na sexta-feira anterior ao início das aulas. Traduzindo: o ano letivo começou com este que vos escreve fora da sala de aula, e sem muitas perspectivas. Nem mesmo na Prefeitura de Cariacica, onde dizia-se que as vagas sobravam, eu consegui alguma coisa.

Na terceira semana, consegui a tal atribuição na Escola Luzbell Pretti, Bairro Operário (viva Marx!), Cariacica, a uma hora e meia de ônibus de minha casa. Somente 15 horas em dois contr5atos, o que me impedia de pegar mais alguma coisa. Chegando lá, uma visão dantesca: a estrutura da escola era horrorosa, e a disciplina, pior ainda. Na terceira aula, já tinha a certeza que não voltaria mais.

E não voltei, sem nem ao menos querer saber de contrato.

Mais dois dias e fiquei sabendo que a Superintendência de VilaVelha estava liberando as vagas sem nenhum critério. Pude verificar isso na prática: 19 de Fevereiro, 6: 50 da manhã, fui o primeiro a chegar na SER, mas peguei a senha nº 3 (?).

Após as negativas de praxe, consegui a vaga que queria: 28 aulas no Ormanda Gonçalves, o meu sonho de consumo.

Chegando lá, descobri que o que aprendi no Pedro Herkenhoff não seria de todo o suficiente para lidar com o ensino Médio: a cobrança era muito maior, os desafios também, e os alunos, nem se fale. Lá aprendi a conviver com cobranças, o que me fez crescer muito mais.

O contrato funcionava da mesma forma como em 2003: se encerrava no meio do ano, e cabia à escola a decisão de renová-lo ou não; felizmente ele o foi, não sem redução de carga horária para 17 aulas, dada a pouca demanda. Na verdade, foi até bom já que consegui uma folguinha: meu horário foi montado de tal forma que consegui dois dias de folga.

Em Outubro, minha carga horária aumentou com as aulas de História e Geografia do Espírito Santo, disciplina que freqüentava a grade de então. Pois bem, era hora de retomar o ritmo frenético.

No final de ano, minha convivência com os alunos tinha melhorado sensivelmente, a ponto do sentimento de falta ser recíproco ao sair de lá. As peladas na hora do recreio também me deixariam saudade.

No fim de ano, me acostumei e me adaptei ao Ormanda. Saí dela satisfeito com meu trabalho e com medo de ir para um pandemônio no ano seguinte.

Medo que se confirmaria.