sábado, 27 de agosto de 2011

O QUE ESPERAR DE BRUNO?



Bruno não é Ayrton. Essa é a primeira coisa que todos tem que ter em mente ao ver (ou rever, dependendo da idade) o capacete amarelo, verde e azul dentro do carro preto e dourado. Não esperem que ele comece colocando Petrov no bolso porque não vai. Petrov está acostumado com o carro, acostumado ao ritmo de corrida, ao ritmo classificações, etc.

Bruno Senna terá que conhecer o R31 e nessas primeiras corridas sua missão realista será não cometar erros nem ficar muito longe dos tempos de Petrov, que aliás estava dando um bom trabalho ao veterano e agora dispensado Nick Heidfeld.

O grande desafio de Bruno será lidar com a provável pressão ufanista de Galvão, Globo e cia. que traçará as óbvias similaridades estéticas e afetivas entre ele e seu tio, o que criará nos brasileiros uma expectativa irreal por resultados imediatos que em circunstâncias normais não virão.

Bruno também terá que manter-se minimanteme próximo ao ritmo de Petrov, seu companheiro, para que Eric Boullier e a alta cúpula da equipe não se arrependa da escolha, mas eles, diferente da maioria dos torcedores brasileiros, sabem que ele tem que se adaptar e tão cedo não esperam por grandes resultados.
Além disso a Formula 1 de hoje é muito mais complexa, experiência e carros bom faz muita diferença, então seria irreal esperar que ele, ou qualquer piloto sem experiência no lugar dele, faça milagres de cara.

Aliás, Heidfeld pode até não ser nenhum fenômeno de velocidade, mas o grande responsável pela queda de desempenho da equipe é a equipe em si, que não conseguiu desenvolver o carro no mesmo ritmo de suas rivais, e é esse carro já-não-tão-bom que Bruno pilotará, então vamos com calma.

Lembrem-se: Bruno não é Ayrton

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

PARABÉNS PALMEIRAS! PARABÉNS MESMO?



O Palmeiras completa 97 anos hoje, da pior maneira possível para o clube da colônia italiana, sem emoção alguma.
A apatia é um dos significados da morte para os italianos. Não há festa, raiva, decepção, ou choro, apenas a rotineira apatia. O time foi eliminado ontem da Sul-Americana, não passou pela primeira fase da competição. Foi desclassificado do caminho mais curto para a Libertadores por um clube saciado...

O Vasco ganhou a Copa do Brasil e escalou reservas para esses confrontos com o Palmeiras, tanto no Rio como ontem em São Paulo, e ficou com a vaga.

Vitória inútil ontem, tomando gol de Jumar, jogador que foi humilhado por dirigentes e torcida quando estava no Palestra. Outro fracasso a mais que não é encarado de verdade...

O clube tenta ganhar alguns trocados da pior maneira possível, lançando a saudosista terceira camisa dos tempos áureos que o time era gerido pela Parmalat. Além do dinheiro que chovia da Itália, de uma maneira intrigante, o importante era o comando do futebol,de dirigentes remunerados e profissionais, não amadores que agem como torcedores descontrolados, como na administração Belluzzo, ou como pessoas conformistas, acostumadas com as derrotas, como a atual gestão Arnaldo Tirone...

Tudo é tão árido, desanimador, que até Felipão se cansou. Ele não briga mais por reforços, não projeta grandes times, não gasta telefonemas para a Europa para tentar trazer grandes jogadores. Como todo palmeirense, não tem mais sonho. No último, passou vergonha, por um argentino com quem já havia até conversado, um tal de Martinuccio que treina no Fluminense. Felipão sofre, mas trabalha muito...

Só que ainda não é milagroso e não consegue título algum, o que faz seu esforço improdutivo.

Com disse recentemente Marcos, o último dos sinceros: "Brigar para disputar a Libertadores para quê? Com esse time é melhor nem chegar lá. É vexame na certa." Então, o Palmeiras fica nesta pasmaceira...

O 'apaixonado' pelo clube, o empresário Jota Hawilla não quis nem saber dos convites que recebeu. Ele não tem o menor interesse em voltar a investir pesado no Palmeiras. Vai cuidando do dinheiro que colocou em Ronaldinho Gaúcho no Flamengo, e dos seus inúmeros projetos para a Copa do Mundo no Brasil. Virou as costas ao Palmeiras, como tanta gente importante...

A Arena vai sendo construída pela WTorre, que (parece) não sangra as finanças do clube.

As dívidas se arrastam desde a administração Belluzzo. Faz um ano que ele resgatou Valdivia para o Palmeiras, uma transação de mais de R$ 16 milhões para ter um jogador acomodado e que não rende nem metade da sua primeira passagem pelo clube?

E ainda fazer o torcedor passar vergonha quando presidente Tirone confessa na tevê: "Não tenho dinheiro para pagar o Valdivia..."

Belluzzo também trouxe a peso de ouro Kléber de volta, também acomodado, feliz com o salário. Só a Gaviões da Fiel para resgatá-lo ao noticiário.

Não adianta protestar nos muros do Palestra Itália, niguém leva a sério. É um aniversário sem saída, a A não ser que surja outra vez uma empresa que aceite comandar o futebol do clube. Com as próprias pernas, o Palmeiras não sabe mais andar...

Não tem competência, precisa de um tutor.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

RENÚNCIA DE JÂNIO, 50 ANOS DEPOIS



Vocês certamente já ouviram falar em Jânio Quadros. Foi aquele presidente da República que renunciou ao mandato depois de apenas sete meses de governo. Um período curto, mas que deu tempo para ele proibir as brigas de galo, lançar a moda do safari para enfrentar o calor do País tropical, e, ah…sim, chegar ao cúmulo de proibir o uso do biquini, etc…etc…e deixar o Brasil numa bananosa que acabaria resultando no golpe de 64.

Na próxima semana, completam-se 50 anos da renúncia de Jânio Quadros. No dia 19 de agosto de 1961 ele condecoraria Che Guevara que visitava o Brasil. No dia 25, renunciaria, embora ainda se questione se ele de fato estava querendo deixar o poder ou corria atrás de mais poder, retornando nos braços do povo, como se dizia na época.

A resposta para essa pergunta ainda atormenta historiadores da política brasileira contemporânea. Claro que alguns indícios apontam para um retorno triunfal. No dia 25 de agosto de 1961, o vice-presidente João Goulart estava em visita oficial à China. Naquele tempo, voltar da China era um problema. Hoje, com o Aero-Lula, a presidenta Dilma Rousseff levou quase dois dias para retornar. Imaginem sem o Aero-Lula.

Outro indício de que a renúncia não era para valer: Jânio embarcou para São Paulo levando a faixa presidencial, que teve de voltar a Brasília trazida pelo seu ajudante-de-ordens.

Para todos os efeitos, Jânio era um político aposentado, depois de uma carreira fulminante, que o levou da Câmara Municipal de São Paulo a Brasília em pouquíssimo tempo. Ele foi o primeiro presidente a tomar posse na “solidão do Planalto Central”, o que o incomodava muito. Essa solidão, diga-se, foi um tema recorrente na nossa longa conversa, 35 anos atrás.

indefinição sobre quem seria o sucessor de Jânio durou 13 longos dias. Nesse período, quem esteve à frente do governo foi o presidente da Câmara, Ranieri Mazzili, que tomou posse quando o vice-presidente da República, João Goulart, estava em viagem oficial à China. Para acalmar os militares, que não queriam Jango na Presidência, foi aprovada rapidamente uma emenda constitucional para instituir o Parlamentarismo: o presidente seria apenas o chefe de Estado, cabendo ao primeiro-ministro, a ser escolhido pelo Congresso, a função de tocar o governo.

Resolvido o impasse, Jango tomou posse no feriado de Sete de Setembro e tentou acalmar os ânimos, ainda exaltados. O historiador Antonio Barbosa não tem dúvida de que a renúncia de Jânio Quadros foi um fator decisivo para a queda do regime democrático. Esse 25 de agosto de 1961 significou o primeiro grande passo para o fim, para o colapso iniciado em 1946. Ou seja: 25 de agosto abre as comportas para um processo extremamente turbulento, extremamente revolto, que deságua no 1º de abril de 64. Foi literalmente uma tentativa de golpe que não deu certo.

Por fim, seu vice, João Goulart, que no momento fazia uma viagem à China comunista, assumiu o poder – fato que reforçou a resistência das elites conservadoras e militares, e que, no fim, culminaria com o golpe militar de 1964.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

A MÁQUINA EMPERROU?



Uma das piadinhas sobre o momento do futebol brasileiro é: “faltam três anos, doze estádios e um time para a Copa”. A primeira afirmativa é incontestável, até pela cronologia; a segunda é uma realidade temerária, e que com certeza, se tornará cara; e a terceira, tenho dúvidas.
Há muitos anos que ouço que o futebol brasileiro é capaz de mandar diversas seleções para o Mundial e que todas se saiam bem por lá. Mas seria isso uma verdade?

Há dez anos, a Seleção Canarinho vivia uma crise muito maior que a atual: o time tinha o seu terceiro técnico em quatro anos, lutava para se classificar para o Mundial que mais tarde ganharia, acabara de ser eliminado na Copa América por Honduras (!), após uma primeira fase sofrível, e na Copa das Confederações, só conseguiu o quarto lugar, após uma derrota perante a Austrália.

Nesse turbilhão, a Revista Placar perguntava se a fábrica de craques emperrara. Respondo logo que se não emperrou, pelo menos diminuiu a rotação. As exigências do tal “futebol moderno” privilegiaram a preparação física em detrimento da capacidade técnica. Os esquemas táticos foram minguando os ataques e inchando o meio-campo, em nome da tal “ocupação de espaços”. Não estou discutindo se a adaptação à essas transformações foram benéficas ou não, mas que a queda técnica anda paralela ao desenvolvimento da preparação física, isso anda.

Vou ao meu veredicto: o Brasil tem condições de montar um elenco em condições de alcançar o título, e convocar mais outros 23 que podem chegar entre os dezesseis, e mais 23 que podem chega à Copa. Não que a nossa “fábrica” esteja funcionando em sua plenitude, mas é que nossos principais rivais, talvez com exceção da Argentina e Holanda (só do meio para a frente), sofrem com seus reservas. Inclusive a campeã Espanha.

O Brasil vai ganhar a próxima Copa, embora eu torça por um Maracanazzo daqueles. Não é só eu quem acha isso: gente de pontas diferentes, como Mílton Neves e Jorge Kajuru também acham que se não der na bola, vai dar no apito, no tapetão, ou até mesmo na porrada.

Mas, e daí para a frente? Se bem cuidado, o time recentemente Campeão Sub-20 pode servir de base para um futuro promissor, ainda mais se levarmos em consideração que foi feita a opção por não levar Lucas e Neymar. Dois anos mais velhos, ainda estão os vice-campeões de 2009, incluindo o hoje adormecido Paulo Henrique Ganso. Ótima base para Londres/2012, ainda mais com a vantagem de não ter a bicampeã Argentina como adversária, esta última batida pelos uruguaios no Sul-Americano Sub-20.

Resumo dessa balada: o futebol brasileiro empobreceu, mas o futebol mundial também. É a tal história de se nivelar tudo por baixo.

domingo, 21 de agosto de 2011

SÍLVIO SANTOS VEM AÍ. TEM OUTRO JEITO?



Em um desses Domingos à noite, na casa de parentes, onde não havia TV paga, me pus em uma aventura pela TV aberta. O resultado, como não poderia deixar de ser, foi decepcionante: a depressão começa com o final do jogo, às seis da tarde, com “emoções do Domingão do Faustão”.
Zappeando, me deparo com o programa do Gugu, uma bizarrice dos anos 80 e 90, que insiste em sobreviver à base de velha xaropada emotiva, brincadeiras de dar insônia à quem é acostumado a passar dias em claro.

Mais adiante, o Programa da Eliana sem a Eliana, comandado pelo Ratinho, hoje uma aberração domesticada, quase uma ironia na TV.

Na Bandeirantes, o mercadológico Milton Neves, que ainda sobrevive com seus jabás e polêmicas inúteis.

E assim segue o Domingo, sem grande coisa, a não ser que consideremos o bom e velho Sílvio Santos. Não se assuste! O bom e velho Senor Abravanel parece ter se reinventado e ganhado novo fôlego aos 80 anos. Irônico, desbocado, pervertido, e porque não dizer, pornográfico, ele é o destaque de um programa simples e despretensioso, mas que é muito melhor que os seus concorrentes.

O Pânico na TV já deu o que tinha que dar, e caminha para uma lenta agonia, assim como ocorreu com o Casseta e Planeta. Talvez seja melhor que a trupe de Emílio Surita se reinvente, o que não é fácil se continuar adotando a linha da baixaria. Não que não fosse esse o caminho de antes, mas até para ser de baixo nível é preciso ser engraçado. Há uma confusão entre humor e agressividade.

Sílvio Santos ganhou após décadas de trabalho, principalmente na televisão, o status de mito, e é nesse status que ele parece se acomodar, sem querer desbancar a Globo como líder, mas tentando retomar o posto que lhe foi tirado pela Record, que cada vez mais percebe que o sonho de destronar a Vênus Platinada da liderança é um devaneio.

E Sílvio Santos vem aí...