sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

LAMA OU PRAIA?




Viana é uma espécie de primo-pobre da região da Grande Vitória, continuação da já combalida Cariacica.

Nos últimos anos, o município foi um feudo de famílias que se revezavam no poder. Nos últimos anos, em especial, os Lube, de Leonor (chamado de Nonô) e sua filha, Solange, que governaram os vianenses durante doze dos últimos dezoito anos. Inclua-se aí os dois anos de administração de Angela Sias, apadrinhada de Solange.

Angela para assumir o cargo teve que enfrentar uma batalha judicial tão desgastante quanto a batalha eleitoral. Com acusações diversas, sua candidatura esteve a ponto de ser cassada pela Justiça: enquanto sofria uma derrota por 3 a 1, um desembargador pediu vistas ao processo.

Quando retornou, votou a favor de Angela, acompanhado por outros dois colegas, caracterizando uma virada inesperada.

De fato, administrar o município não é fácil, dada a sua baixa arrecadação e a dificuldade em atrair investidores. Por isso, a dependência de mesada do governo estadual, e de vez em quando, do federal, Não por acaso, o ex-governador Paulo Hartung era bajulado pelas autoridades locais.

Solange se elegeu Deputada Estadual, graças aso votos de Luiz Carlos Moreira, ficha-suja que teve a barra limpa pela Justiça. Sem esses votos, a vaga iria para Nilton Baiano, do PP e de outra coligação. Coisas das eleições porporcionais.

Pois bem, a atual ocupante da cadeira resolveu passar o fim de ano no Rio de Janeiro, o que não fez questão nenhuma de esconder. Basta ver o seu twitter: @angela_sias.

No último fim de ano, as chuvas causaram estragos no estado, e Viana não passou imune, como de hábito. Os estragos, como sempre, foram grandes: gente desabrigada, que perdeu muita coisa ou tudo que conseguiu acumular durante uma vida sofrida.

Nada contra a mandatária passar seu descanso onde achar melhor, mas em um momento de tanta dificuldade, soa muito mal ela dizer para todo mundo o quanto é legal passea pelas praias e shoppings da Cidade Maravilhosa e Belicosa, enquanto boa parte dos vianenses têm que pedir aos céus que os estragos não sejam tão grandes.

Ser ocupante de cargo público não é como um serviço comum, onde você tem hora para chegar, hora para sair, período determinado para férias, e por aí vai. Seria muito útil que a prefeita acompanhasse de perto os estragos, e participasse das medidas iniciais, além de ter contato direto com os prejudicados, coisa que é impossível se fazer pelo telefone, ou pelo twitter.

Se for sacrificante demais, ela pode renunciar ao cargo, e procurar uma função que se adequa às suas aspirações de descanso no período em que escolher.

Também poderia ser mais compreensiva quanto às críticas e ironias no Twitter. caso não goste, pode responder no mesmo tom, ou simplesmente ignorar.