Pode-se falar de um tudo sobre Lula: que é conivente com a corrupção, que quando fala de improviso solta besteiras, que sua política externa é um desatre, que faz apologia à falta de instrução...
Mas seu carisma é inegável. Fernando Henrique, recentemente, o definiu como ´"Fenômeno".
FHC começou o seu segundo mandato em clima de fim de feira, e o terminou com índices de aprovação que não chegavam a 25%. Nos debates, Garotinho e Ciro citavam Serra como "candidato do governo", o que o deixaria com cabelos em pé, se eles ainda estivessem em sua cabeça.
O Sapo Barbudo encerra seu segundo ciclo com aprovação superior a 80% e prester a emplacar como sucessora uma candidata que cresce a sua sombra.
Na festa de encerramento da campanha de Dilma, ontem, no Recife, paradoxalmente, Dilma não apareceu. Estava no debate da Globo. Lula se encarregou de puxar a caminhada, que se converteu em uma celebração de um pop-star.
Parecia que o próprio Lula era candidato. No caminhão onde estava, chegava à ponta da carroceria para que lhe tocassem. Atitude popular, mas irresponsável. Afinal de contas, é impossível até para o mais perfeito esquema de segurança garantir a integridade de um Chefe de Estado. Lula precisa pensar na liturgia que envolve o cargo que (ainda) ocupa.
O ato pela candidatura de Dilma se tornou a despedida triunfal de Lula.
Não sei como a História o tratará. Pode ser até que toda essa popularidade se escorra com um possível desastre no governo de Dilma.
Mas, se os livros pareassem de ser escritos hoje, Lula estaria ao lado de Juscelino e Getúlio na lista dos mais marcantes presidentes que o país já teve.