quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

O FIM DO BRASIL (PARTE 1)



2022, ano do bicentenário da Independência do Brasil, e incrivelmente, o ano da fragmentação da nação surgida depois do Grito do Ipiranga.


As eleições presidenciais de 2010 podem ser consideradas o início do fim: a votação de Dilma Roussef no Norte-Nordeste foi o pretexto para que uma série de ofensas na Internet. Ofensas que se agravaram com a reeleição da presidenta, em 2014, quando ela obteve uma expressiva vitória no Norte-Nordeste e uma fragorosa derrota no Sul e em São Paulo. Sua vitória sobre Geraldo Alckmin foi apertadíssima, e se deveu à negligência de Aécio Neves, novamente preterido pelo tucanato.

Em 2018, o ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos, filiado ao PSB, com apoio do PT, justamente um nordestino, foi eleito presidente, novamente passeando no Nordeste e apanhando no Sul. Seus marqueteiros preparam uma ação de “conciliação” com os sulistas, que se revela um fracasso. Movimentos separatistas, algo impensável até então, ganham força em diversas regiões do Brasil.

No entanto, a economia ia muito bem. Desde 2003, o crescimento do PIB sempre superava os 7% anuais, transformando o país em um porto seguro para investidores em meio às constantes crises financeiras internacionais. Crescimento econômico que gerava controvérsias quanto à sua distribuição: estados mais ricos queriam a maior parte do bolo, enquanto estados mais pobres queriam redistribuição mais justa de renda. O debate esquentava no Congresso.

Como se já não bastasse a distribuição dos recursos da chamada Camada Pré-Sal, que levou anos para se resolver, a descoberta de mais reservas petrolíferas, agora no Sertão Nordestino, gerava mais conflitos. “O Petróleo é Nosso”, bradavam os oligarcas nordestinos, retomando o lema varguista do início dos anos 50.

“O Petróleo é de Todos”, gritavam os sulistas, liderados pela sua elite empresarial, adaptando o lema dos apoiadores do velho Getúlio. Para pressionar, ameaçavam retirar seus investimentos no Nordeste. Em troca, as autoridades locais insinuavam confisco das propriedades, ou expropriação no jargão socialista.

A proposta de Eduardo Campos de rediscutir o Pacto Federativo fez o Pacto se transformar em Combate: a rediscussão dos papéis de União, Unidades Federativas e Municípios se revelou um cabo-de-guerra que arrebentou a corda. A solução proposta em conjunto pelas lideranças partidárias tanto na Câmara quanto no Senado era radical: uma revisão constitucional, que seria realizada em 2020.

Nesse ínterim, surgiam grupos políticos que propunham a mais radical das soluções: a dissolução da federação, embora uma Cláusula Pétria da Carta de 1988 proibisse isso.

Grupos esses que pipocavam nos mais diversos cantos do Brasil: Movimento de Emancipação dos Pampas, Frente Unida por São Paulo, Movimento de Orgulho Nordestino, Ação Libertadora da Amazônia, e por aí vai.

Hora da revisão, e essa cláusula pétria se tornou volúvel: sorrateiramente, na calada da noite, o texto que tratava sobre a indissolubilidade federativa fora retirado, sem que nenhum jurista discordante fosse ouvido. Era o mote necessário para os separatistas.

Para contrabalancear, a campanha “Unionista”, catapultada pela grande imprensa nacional, graças à ação conjunta e inusitada de Globo e Record, interessadas em manter seus lucros e suas programações em escala nacional, era lançada, mas sem grande sucesso. As afiliadas insistiam cada vez mais nas programações regionais e novas emissoras para esse fim eram lançadas, conquistando boa parcela dos anunciantes.

O clima tenso chegava até mesmo ao futebol: a delegação do Vitória teve seu ônibus apedrejado ao chegar ao Estádio Beira-Rio, quando enfrentaria o Inter. Na rodada seguinte, foi vista uma faixa na torcida do Grêmio, que dizia “não sou do mesmo país desses nordestinos de m...”. No dia seguinte, um CTG (Centro de Tradições Gaúchas) foi incendiado em Fortaleza. Da mesma forma como Centros de Culturas Nordestinas eram atacados no Sul.

Alheios, mas não tanto, à essa discussão, políticos da Amazônia, cientes do tesouro sobre o qual estavam sentados, esfregavam as mãos sonhando em negociar os lucros da região. Governos e grandes corporações de diversos países já se prontificavam em “colaborar e proteger” o novo Estado que poderia surgir.

Nem mesmo a interferência de políticos e personalidades impediu que a crise atingisse a Seleção Brasileira de Futebol. A Seleção antes Brasileira se resumiria a um combinado de paulistas e cariocas, que se classificaria com muito custo ao Mundial do Catar, já em 2022. Jogadores separatistas se recusariam a entrar em campo para defender um país que diziam não ser mais o seu. Com um combinado Rio-São Paulo, o time comandado por Wanderley Luxemburgo caiu ainda na primeira fase, após um empate diante do México. A imprensa do resto do país fazia chacota do vexame do time hexacampeão (vencera a Copa de 2014).

No Congresso Nacional, no mês de Julho, na ressaca pós-Copa e no aquecimento para as eleições presidenciais, uma proposta de anexar às eleições presidenciais por um plebiscito de separação era aprovada em velocidade meteórica. Era um grande passo rumo à separação, que à essa altura, parecia cada vez mais real.