segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

MINHA VIDA DE PROFESSOR - ANO 7



Já escrevi que 2008 foi um ano que começou turbulento, e passou à tranqüilidade. O mesmo pode se dizer de 2009, só que em escala exponencial.


Para começar, a concorrência para DT no estado se intensificava com o novo salário, mais alto e chamado de subsídio. Depois, a possibilidade de trabalhar em cinco municípios deixava todos desbaratados quanto à escolha. Resolvi tentar Vila Velha, Cariacica, Viana, e pensando em uma possível efetivação, Alfredo Chaves e Marechal Floriano.

Essa efetivação foi um parto de 18 meses, e Janeiro mereceu um capítulo especial: não fui chamado (terceira vez), mas teria preferência nas vagas por ser o primeiro no cadastro de reserva. Teria, do verbo se a vaga aparecesse. Resultado: tive que ir para o confronto com os mortais.

A semana anterior começou com a escolha de vagas em Alfredo Chaves. Escolhi 15 horas em Sagrada Família, para não assumir, já que o estado não me convocou.

Quinta-feira, quatro dias antes do início das aulas, escolha em Vila Velha: cheguei às oito da manhã, e esperei, esperei, esperei, esperei, debaixo de um sol senegalês, e uma falta de informações desesperadora. Confirmei também que o Magistério não é exatamente uma categoria que preza pelo respeito às normas. Depois de mais de nove horas de espera, e uma imposição de pegar uma carga horária fechada, saí de lá com 12 aulas no Ormanda Gonçalves (eu lá de novo) e 8 aulas no Maura Abaurre, de onde eu tinha péssimas recordações.

Segunda-feira, início dos trabalhos, e a Superintendência de Cariacica ainda não havia feito toda a chamada. E lá fui eu, às oito da manhã, para mais uma epopéia, contando com a compreensão do Ormanda Gonçalves de me ausentar. Saí de lá pelas seis e meia da tarde, com nove aulas no Anília Knaak (eu lá de novo) e mais duas no Maria de Novaes Pinheiro (eu lá de novo).

Terça, véspera de início das aulas, um telefonema lacônico de Maura Abaurre decretava o fim de minha passagem por lá sem que ela tivesse iniciado. Perdi as oito aulas sem nenhuma explicação convincente, mas graças à diretora do Ormanda, recuperei o perdido, pegando cinco aulas à tarde no mesmo Ormanda, e mais cinco no Francelina Carneiro Setúbal, com cinco aulas (uma turma de sétima e outra de oitava, que definitivamente, careciam de noções básicas de comportamento em sala de aula)

Em Viana, ao menos consegui trocar as aulas do EJA Fundamental pelas aulas do Ensino Médio, seguindo meu trabalho. E durante seis meses, minha vida era uma correria só: quatro escolas em três turnos. E com aulas picadas, minhas folgas eram reduzidas. A terça maldita chegou a doze aulas em três turnos, o que derruba o fôlego de qualquer um.

Em Julho, depois de um e-mail necessariamente mal-educado e uma conversa telefônica dura, saiu minha convocação. Era hora de largar tudo e ir para Alfredo Chaves. Não sem antes uma bateria de exames que me custou os olhos da cara, já que meu plano (PHS) não cobria quase nada em tempo. Um médico me disse claramente para trocar de plano, coisa que fiz.

18 de Agosto, dia da minha chegada à Alfredo Chaves: logo de cara, 18 quilômetros de estrada de chão até São João do Crubixá, e mais 18 até Matilde, em trecho asfaltado. Senti arrependimento de ir para lá e desejei de volta minha vidinha de DT.

Tive problemas para me acostumar à cidade, à moradia, à alimentação (à base de fast-food), e a um lugar onde eu nãoo conhecia ninguém, literalmente

Mas fui me acostumando, e a tranqüilidade veio, e encerrei o ano, apesar das idas e vindas de 80 quilômetros do serviço até minha casa, em relativa tranqüilidade, e com a certeza de trabalhar além das minhas 25 horas de efetivo, mais 12 horas de Carga Horária Especial.

Janeiro de 2010 seria um mês de inédita tranqüilidade.