sábado, 1 de janeiro de 2011

MINHA VIDA DE PROFESSOR - ANO 1



Ingressei na Licenciatura em História no ano de 2001, e o caminho para o Magistério na Educação Básica era inevitável, salvo para alguns privilegiados que por inspiração (ou transpiração) seguiam outros caminhos. por outros caminhos, entenda-se basicamente o Mestrado, cujo ingresso de alguns foi por mérito acadêmico, e por outros, por outros caminhos, como a bajulação e outros favores que não vale a pena mencionar.

Pois bem, estava no Quarto Semestre, quando "consegui uma aulas", como se costuma dizer. Elivélson, meu colega, saiu da escola Pedro Herkenhoff, largando suas duas turmas de Sétima Série. Ao conversar com a diretora, descobri que haviam mais três turmas de Quinta Série sem professor. E lá fui eu.

Mais um mês, e mais duas turmas de Oitava. a experiência se encaminhava para virar profissão.

No início, eu era um foca, como se diz no Jornalismo. Aprendi com a Maria Olímpia, a coordenadora do matutino, que nesse momento, era importante ouvir muito e não falar nada. Parede da sala dos professores têm olhos, ouvidos e uma boca que parece uma matraca. Tudo que eu dissesse poderia ser usado contra mim. Literalmente.

Minha última experiência de sala de aula foi quando saí do Ensino Médio, seis anos antes. Não tinha muita ideia do ritmo dos meninos. Na graduação, era comum o professor falar durante duas horas, e isso no Ensino Fundamental era inviável.

Mas sabia que a questão de adaptação didática seria resolvida com o tempo, afinal, não me faltava vontade. O problema era lidar com a disciplina: sabia que se eu vacilasse no começo, vomitariam na minha cara.

Sem querer, construí a imagem do professor "boa praça", aquel que não pegava muito no pé dos alunos. Deu certo, apesar de não ser isso o que eu queria. Atirei no que vi, acertei no que não vi.

O calendário estava defasado: o ano de 2002 só terminou em meados de 2003 para algumas turmas, enquanto o calendário seguia normalmente para outras turmas. Mais um problema. Além do mais, a escola tinha a opção de renovar ou não seu contrato se ele vencesse no meio do ano, meu caso. a diretora fez suspense, mas no fim, renovou de maioria. Eu inclusive.

Em Julho, um desafio: as turmas de aceleração. Ou melhor: Progressão Acelerada. a coisa era tão brava que quem fez o curso para lidar com isso e experimentou, não quis voltar. Caiu a bomba no colo do inexperiente aqui. E sem orientadora, já que a Mônica fora baleada em uma tentativa de assalto. tem coisas que só acontecem com o Botafogo e comigo.

Por falar em futebol, era dureza dizer que sou palmeirense, justo quando o time estava na Série B. As gracinhas prosseguiam com a minha idade de ingresso no Magistério, 24 anos. Uma das minhas maiores alegrias foi o meu aniversário de 25, devidamente celebrado com uma festa pela 5ª A. Será que compraram a aprovação? Brincadeira...

Cometi muitos erros, a maioria pela inexperiência. Sãos os tais erros de ação e não os de omissão.

Mas, no fim, o primeiro ano valeu a pena.

Era isso que eu realmente queria. A foca agora sabia se virar no mar de tubarões.

No fim do ano, fim de contrato, e a dureza da seleção de DT. Mas isso é outra história.

Mas, ficou a saudade daquele ano.

Um ano que valeu muito a pena, e mudou minha vida