sábado, 1 de janeiro de 2011

FESTA ALAGADA
















Vila Velha debaixo d’água, notícia repetida.

Entra ano e sai ano, entra administração e sai administração, as notícias se repetem.

Enquanto a cidade se afogava, Neucimar Fraga fazia da inauguração do viaduto no cruzamento da Lindemberg com a Darly Santos uma homenagem ao governador Paulo Hartung.

Com direito à banda de congo. As mesmas que tiveram um incentivo aprovado pela Câmara e negado pelo Executivo.

Ataíde e Alexandre também se apresentaram. Jameika Mansur cantou o jingle “Casa Arrumada”. Deveria cantar “Casa Alagada”, dada a situação do município Canela Verde.

Neucimar discursou por eternos 28 minutos, mais até que o homenageado. E nada de o Mestre de Cerimônias se importar com o que ocorria com seus governados.

Lindemberg que só foi reformada em menos da metade, embora exista uma placa informando a segunda etapa da obra, que está lá há mais de um ano, sem que nada fosse feito.

Penso até que o habitante de Vila Velha não poderia ser chamado de Canela Verde. Como saberemos se a canela é verde se ela está submersa?

Um dia antes, na Praça de Cobilândia, Neucimar se jactava do fato de as chuvas não inundarem o município até então. Lhe faltou coragem de parecer no mesmo lugar logo depois?

Seu twitter, @PrefeitoVV, não mencionou nada sobre os alagamentos. Escrever o quê?

Nem mesmo as Irmãs Cajazeiras, que o defendem no twitter e no Orkut, deram as caras. Giuliano Nader, seu assessor, não citou nenhum elogio. Jefferson Campos, parece ter abandonado o barco. E se molhado, no meio de tantos alagamentos...

Quando falou, Neucimar disse serem necessários 500 milhões de reais e seis anos para solucionar os problemas das enchentes. Traduzindo: ele acabou de admitir que não poderá resolver.

Mas, o seu discurso messiânico de empreendedor, de desenvolvimentista dizia o contrário nos tempos eleitorais. Neucimar dizia que era amigão de Lula, de Paulo Hartung, e de todo mundo que é influente.

Suas promessas de obras não passaram do discurso, e foram comodamente deixadas de lado, de tão irreais que são.

Na impossibilidade de admitir a culpa, o prefeito a pôs no volume de chuvas, na maré alta e na topografia do terreno. Pois bem: essa foi a mesma desculpa de administrações anteriores, tão culpadas como essa pela desgraça que se abate frequentemente sobre a população.

E na sua prestação de contas na Câmara, não houve sequer um Vereador que se dignasse a tocar o dedo na ferida. Se o fizesse, seria vaiado pela assistência, repleta de simpatizantes do prefeito. O fato de esses simpatizantes trabalharem na Prefeitura é mera coincidência, claro.

Neucimar talvez não saiba, mas os Países Baixos estariam debaixo d’água se fosse levado em conta somente a topografia. O problema de Vila Velha é investimento, coisa que não foi feita e provavelmente não será durante muito tempo.

Faltando dois anos para o fim de seu mandato, e espero que sem reeleição, resta ao povo Canela Verde fazer a dança do Sol.