sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

PROFISSÃO: EX-PRESIDENTE

















Dia 23, quinta-feira última, Lula fez seu “pronunciamento de despedida”.


Esfregou na cara de seus opositores seu poder de comunicação; esfregou na cara deles sua popularidade acachapante; esfregou as mudanças na economia; esfregou que sua popularidade foi suficiente para eleger uma desconhecida como sucessora.

Perdeu a chance de se comportar como chefe de Estado, ao se comportar como se estivesse no Horário Eleitoral. Não era hora de cutucar o governo anterior, afinal estava ali o presidente, não o político.

Agora, resta a pergunta sobre qual será o papel de Lula no governo Dilma:

Consultor?

Palpiteiro?

Não sei, mas de certo ele não será um mero torcedor. Desde Sarney, os ex-presidentes continuam na ativa, tanto que três deles estarão no Senado, a Toca das Raposas da política nacional.

Sarney continua firme no seu feudo no Maranhão, com um puxadinho no Amapá. Sua presença é ainda é impressionante, tanto que resistiu a onda de escândalos no ano passado, e ainda manteve sua filha Roseana no governo maranhense.

Collor saiu do ostracismo pós-impeachment para tentar e falhar na chegada ao governo de Alagoas em 2002 e 2010. Mas, cavou uma vaguinha na Câmara Alta em 2006, e lá continua entrincheirado.

Itamar sentiu-se avacalhado por FHC com o golpe da reeleição. Se elegeu governador de Minas para avacalhar seu sucessor no Planalto e quebrar o governo das Alterosas , mas ainda ter fôlego para apoiar Lula em 2002 e se eleger ao Senado nesse ano.

Fernando Henrique, diferentemente, quis criar outro padrão de ex-presidente, baseado no modelo americano: o político acima das disputas partidárias, o estadista servidor do país, não de seu partido. Falhou, primeiro por sua mais absoluta falta de popularidade. Poderia ter saído consagrado do primeiro mandato por ter derrubado a inflação, mas a reeleição lhe custou a popularidade e a vaga no panteão dos presidentes marcantes, ao lado de Getúlio e de JK.

Segundo, porque a tradição política do país não permite que isso ocorra. Ex-presidente continua ativo na política nacional, só não foi assim com os milicos, que literalmente, foram para a reserva de mala e cuia.

Getúlio voltou “nos braços do povo” e Juscelino pretendia fazer o mesmo se não fosse o Golpe de 64.

Resta saber qual será o papel de Lula na História.

Será ele absolvido por ela, assim como Fidel fez com si mesmo?

Ou entrará para o livros como um demogogo?

Respostas no futuro.