segunda-feira, 9 de maio de 2011

A FÓRMULA QUE NÃO VINGOU

Power lidera a corrida nesta segunda (Daniel Marenco/Folhapress)


Anos 90, e a Fórmula Indy parecia que se não ia rivalizar, pelo menos parecia que ia incomodar a categoria gerida por Bernie Ecclestonne, que vivia uma série de crises: primeiro com o domínio da Williams, e depois com a crise de credibilidade após as mortes de Rolland Ratzemberger e de Ayrton Senna.


A categoria nascida nos Estados Unidos já planejava se espalhar pelo mundo, com GP’s planejados no Brasil, na Europa e no Japão, e entrando nesses mercados via TV, atraindo inclusive pilotos formados nas categorias de base do automobilismo europeu.

Mas aí... aí teve o racha. Tony George levou o nome Indy, e aos poucos parte das melhores equipes, largando a antiga CART na míngua, sem que conseguisse fortalecer a sua categoria.

Com o passar do tempo, a Fórmula 1 foi recuperando seu espaço perdido, desbravando o rentável mercado asiático, que hoje sedia seis corridas, quase um terço do calendário.

Com o passar do tempo, a empolgação do público não-americano foi diminuindo. Os fracassos de Michael Andretti, Alessandro Zanardi, Sebastian Bourdais e Cristiano da Matta deram a impressão que a competição de monopostos na terra do Tio Sam era mais fraca tecnicamente do que se esperava.

Os títulos fáceis de Nigel Mansell e Juan Pablo Montoya nos EUA reforçaram essa tese.

O aumento da popularidade na NASCAR também ajudou a derrubar a Indy dentro do seu próprio território. Tanto que as brigonas CART e IRL tiveram que se fundir para evitar uma morre abraçados.

Na tentativa de se reaproximar do mercado brasileiro, era fundamental o sucesso do GP de São Paulo. No primeiro ano, uma boa corrida na pista, com uma organização repleta de defeitos; e esse ano, uma organização melhorada, mas que se revelou incapaz de lidar uma cidade que vive além da capacidade de suportar as chuvas e o trânsito caótico que castigam a cidade.

O início da prova foi às 13 horas, um horário comum no automobilismo, mas as chuvas fortes não deixaram que ela continuasse. Para facilitar a vida dos brasileiros, havia quem propusesse que a prova deveria começar do zero, ignorando as voltas já dadas, e permitindo o retorno daqueles que a haviam abandonado. Jeitinho, ou melhor, ilegalidade brasileira.

Uma decisão sensata acabaria com tudo ali no domingo mesmo, já que continuar a corrida na segunda de manhã fechando parte da Marginal do Tietê seria um tapa na cara da maior parte da população que não tem nada com isso.

Mas, foi isso que aconteceu. Organizadores anunciaram que não devolveriam o dinheiro dos ingressos, e que a entrada não seria franca. Cumpriram metade da promessa, já que teve “penetra” na festa.

Diante de arquibancadas vazias, a corrida terminou sem a menor graça.

Enquanto isso, motoristas comuns ao lado ouviam os possantes rasgando o circuito de rua a uma velocidade infinitas vezes maior que o ritmo de lesma que seguiam pelo congestionamento.