domingo, 30 de janeiro de 2011

MINHA ASSEMBLEIA, MINHA CASAGRANDE



Bienalmente, ocorrem as eleições para a Mesa Diretora da Assembleia Legislativa, e posterior formação das Comissões Permanentes. Embora a Constituição afirme que os poderes são independentes, não é isso na prática que ocorre.

A convivência entre Executivo e Legislativo determinada pela Carta Magna faz de ambos mútuos reféns. O Executivo precisa "negociar" com o Legislativo se quiser fazer passar projetos de seu interesse, e porventura, brecar aquelas investigações "indesejáveis".

Por outro lado, os Parlamentares precisam mostrar serviço para sua base, e para tanto, precisam de verbas do Executivo, dono da chave do cofre.

É a tal governabilidade, na verborragia política.

Na eleição da ALES, o neogovernador, Renato Casagrande, já mostrou que não vai ser acanhar em pôr o dedo no bolo alheio: no fim do ano passado, Sérgio Borges e Teodorico Ferraço se lançaram como candidatos á cadeira de presidente do Legislativo Capixaba, o que deixava o Palácio Anchieta ressabiado. Ferraço se lançaria com trampolim para sua provável candidatura à Prefeitura de Cachoeiro ano que vem, contra o desgastado Carlos Casteglione, aliadíssimo do governador.

Já Sérgio Borges, outro velhaco da política capixaba, não é exatamente algo que possa chamar de aliado descompromissado. No comando do Legislativo, não se pode esperar dele submissão (de Ferraço também não), ou aliança tranquila. Ele, como raposa que é, sabe muito bem negociar os acordos que lhe convém.

Já em Janeiro, surgiu o nome de Rodrigo Chamoun, correligionário do governador, e interessadísmo nas eleições municipais de Guarapari, ano que vem. No entanto, deve ser mais dócil ao Executivo.

Reunião aqui, reunião ali, concessão de cá, concessão de lá, e pronto. Ferraço e Borges saíram da disputa e Chamoun deve ser eleito sem concorrência, e não deve pôr barreiras para que o Executivo governe como bem quiser, assim como Hartung fez nos seus oito anos de comando.

E se a Constituição afirma que o Legislativo deve ser um fiscal do Executivo, as últimas legislaturas parecem ter se esquecido disso.

Vale o (desvirtuado) lema franciscano: é dando que se recebe.