sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

FASCSITAS CONTRA COMUNISTAS EM CAMPO






O “Dérbi político” da velha bota leva ao estádio duas ideologias antagônicas e supostamente enterradas. Se for levado um reducionismo: de um lado, a extrema direita representada pela torcida do time da cidade eterna. Do outro, a extrema esquerda representada pelos torcedores da pequena cidade portuária da Toscana.

Os Irriducibili, os “ultras” da Lazio, exibem bandeiras negras com o rosto de Mussolini, símbolos nazi-fascistas (suásticas e cruzes celtas), gritam vorazmente: DUCE! DUCE!, Em 1998, os ultras chocaram toda a Europa ao exibir uma faixa anti-semita com a seguinte mensagem: “Auschwitz vossa pátria, os fornos vossas casas!”. Três anos mais tarde, no clássico contra a rival Roma, a torcida da Lazio cantou musicas racistas contra os jogadores negros da Roma, entre os quais alguns brasileiros.

Na curva oposta, os ultras do Livorno respondem cantando o hino da resistência italiana durante a Segunda Grande Guerra, a célebre Bella Ciao, o hino comunista italiano “Bandierra Rossa”, agitam bandeiras vermelhas estampadas com a foice e o martelo misturadas com algumas de Cuba e estandartes com imagem do “Che”.

Os Ultras também já tiveram seus respectivos representantes dentro do gramado. Paolo Di Canio, um ex Irreducibili, e Cristiano Lucarelli, fundador, em 1999, da torcida organizada BAL (Brigate Autonomi Livornesi), que para homenageá-la utilizava a camisa de número 99.

Lucarelli nasceu em Livorno, no dia 04 de Outubro de 1975. Começou a sua carreira no Perugia em 1993, mas conseguiu jogar no seu clube do coração em 2004, quando foi o artilheiro da temporada com 24 gols. Conquistou enorme popularidade por questões além do jogo. Lucarelli é comunista convicto. Comemora seus gols com o braço erguido e o punho fechado (gesto comunista). Rejeitou propostas milionárias de clubes maiores por causa de suas convicções.

Declarou que outros jogadores compram, com um bilhão de dólares, iates e Ferrari. Para ele, bastaria ter o suficiente para adquirir a camisa do Livorno. O discurso não impediu a transferência do ídolo, de 31 anos, em julho desse ano, para o Shakthar Doniesk por oito milhões de Euros. Lucarelli foi o primeiro italiano a atuar no campeonato da Ucrânia. O negócio causou polêmica na Serie A. Segundo o site uefa.com, a imprensa ucraniana sugeriu que seu contrato de três anos garantirá cerca de 13,5 milhões de Euros em sua conta bancária.

Do outro lado, o ex-atacante da Lazio nasceu no dia 09 de julho de 1968, no bairro pobre de Quarticciolo em Roma. Iniciou sua carreira na Lazio em 1985. Deixou o clube em 1990 e voltou para “casa” no intuito de pendurar as chuteiras na temporada de 2004 a 2005. Foi na última passagem pela sua equipe do coração que Di Canio polemizou, com seu look skinhead, ao declarar admiração pelo ditador fascista Benito Mussolini.

No jogo Livorno X Lazio, em 11 de dezembro de 2005, Di Canio, ao ser substituído, dirigiu-se à sua torcida com a saudação fascista. O episódio gerou polêmica na Europa toda. A liga italiana de futebol puniu o jogador com apenas uma partida de suspensão e irrisórios 10.000 Euros, pagos pelo próprio Clube. No entanto, houve na Itália quem achasse isso banal, como o então primeiro ministro italiano Silvio Berlusconi ao chamar Di Canio de “um bravo ragazzo” (bom rapaz) e a ex-parlamentar Alessandra Mussolini, neta do ditador, que elogiou a atitude do jogador.

Na época, Di Canio definiu sua punição como perseguição política, Afirmou que seu gesto não era racista, mas apenas uma saudação romana. Prometeu repeti-la. A promessa foi cumprida no dia 17 de dezembro, apenas uma semana após o fatídico episódio. O jogador estendeu o braço direito no final do jogo com a Juventus e foi novamente suspenso e multado.

Pena que o rebaixamento do Livorno nesta temporada impediu o confronto na próxima edição do Calcio.