domingo, 3 de outubro de 2010

FÉ E POLÍTICA



Fé e política andam de mãos dadas no Brasil desde os tempos de Cabral.

Aliás, de mãos dadas não. Abraçadas, como duas amantes.

Nos tempos de colônia, a Igreja Católica foi decisiva para a ocupação e administração portuguesa.

Nos tempos do Império, religião continuou a ser questão de Estado.

Veio a República, e com ela a laicização do Estado, que não deteve a religiosidade do povo.

No último quartel do século XX, o cresciento no número de evangélicos fez surgir uma nova composição de forças nessa relação.

Igrejas são normalmente valiosos currais eleitorais: o medo da restrição a liberdade religiosoa, confisco dos bens, imposição do casamento gay e legalização do aborto, entre outros, acabaram por influenciar o meio a votar em alguns candidatos e a rejeitar outros.

Lemas como "Crente vota em Crente", "Católico vota em Católico", boatos sobre o suposto satanismo de Michel Temer e a afirmação de Dilma que nem Jesus Cristo lhe tiraria a vitória correm por aí.

Isso me remete aos "exorcismos" contra o PT nas eleições de 89.

Vamos ao tema: Silas Malafaia, pastor da Assembleia de Deus, declarou seu voto a José Serra, apesar de a candidata do PV, Marina Silva, ser membro da Igreja e ter recebido seu apoio anteriormente (agora retirado).

As posições de Marina acerca do aborto e do casamento gay, propondo um plebiscito ao invés de expôr suas opiniões contrárias e perder eleitorado, foi duramene criticada por Malafaia, que a chamou de dúbia.

Além de Indiretamente, de hipócrita.

Vale lembrar que Marina, há algum tempo, não quis posar do lado de uma bandeira colorida.

Malafaia também não pode ser considerado um bastião da ética: sua ligação com o complicado Anthony Garotinho é mais que conhecida. Seu irmão, Samuel, é candidato a Deputado estadual, e conta com o irmãozinho como cabo eleitoral.

O fato é que essa relação entre religião e política não acaba aqui: desdobramentos acontecerão nos próximos anos, décadas, séculos...