sexta-feira, 13 de agosto de 2010

O SALVADOR




Neucimar Fraga se candidatou a Prefeitura de Vila Velha com um programa de governo inexequível, para dizer o mínimo: pleno atendimento à Educação Infantil, ampliação do atendimento na área da Saúde em ritmo geométrico, intervenções viárias que seriam um marco na história canela-verde...

Mas, falta um “pequeno” detalhe: dinheiro. A arrecadação do município é inferior às suas necessidades fundamentais.

Mas, para isso, a resposta estava na ponta da língua: parcerias. Parcerias com o Governo Estadual, com o Governo Federal, e com quem mais pudesse ceder recursos. Para tanto, se apresentou como amigo de Lula (afirmava que o Presidente se referia a ele como “Cimar”), e claro, como aliadíssimo de Paulo Hartung.

E foi o Governador que lhe abriu os cofres no início do mandato: do erário estadual vieram os recursos para as obras da avenida Lindemberg, a principal via de escoamento do município.

Também foi Hartung que abriu a carteira para financiar a pavimentação de diversas ruas, especialmente na periferia, e o viaduto na mesma Lindemberg.

Até que...

Até que os interesses do Anchieta se chocaram com os interesses de Magno Malta, padrinho e mentor de Neucimar. A saída de Ricardo Ferraço da corrida à sucessão de Hartung e sua transferência para a corrida ao Senado (tendo Malta como adversário) fez Neucimar se chocar contra Hartung.

E com isso, a torneira diminuiu a vazão.

No plano interno, ao assumir o município, Neucimar alardeou uma situação de terra arrasada para justificar o mau momento inicial. O que não o impediu de inchar a máquina administrativa de comissionados, já que precisava pagar as dívidas com aliados do período eleitoral.

Recentemente, elevou a quantidade de comissionados, e com o aumento, um gasto de mais de R$ 1 milhão por ano. Enquanto isso, profissionais da Educação e da Saúde estão em greve.

Contestações não são coisas que o prefeito não costumam suportar: quando o jornalista Leonal Ximenes o ironizou pelo Twitter sobre a sua atuação no período das enchentes de 2009, Neucimar o ameaçou de processo. Só que tentou fazê-lo via DM, mas por desconhecer a ferramenta, expôs a ameaça para quem tivesse acesso à essa rede.

Por falar em rede, tem uma Tropa de Choque no Orkut e no Twitter. Um de seus defensores é comprovadamente funcionário comissionado da municipalidade. Não se poderia esperar dele críticas a chefe, óbvio.

Neucimar tem interesse em se reaproximar de Hartung, para impedir a eleição de Max Filho para a Câmara Federal, o que poderia ser um obstáculo para sua reeleição em 2012.

Segundo pesquisa publicada em A GAZETA, ele tem apensa 35% de aprovação ao seu mandato, índice baixo para um governante na metade do segundo ano de mandato. Mais um motivo para abrir os olhos.

O hoje prefeito tem uma carreira meteórica: entre sua primeira eleição (Vereador em 2000) e sua chegada à Prefeitura se passaram apenas oito anos, e com duas eleições para a Câmara Federal no meio. Sua rápida ascensão eleitoral foi acompanhada de rápida ascensão patrimonial, coisa que seus adversários costumam explorar.

Enfim: Neucimar prometeu que nós veríamos VilaVelha se transformaria em uma Dubai Sul-Americana. O que nóes vemos é uma cidade com os mesmos problemas de sempre.