segunda-feira, 9 de agosto de 2010

CLÁSSICO NO JORNALISMO



Jabazeiros x Patrulheiros, o novo clássico do futebol brasileiro, jogado fora de campo, é claro.

A preliminar começa com uma polêmica: jornalista pode fazer propaganda? Isso não fere a ética? Se empresa proprietária do produto que ele anuncia for objeto de investigação, como fica sua credibilidade? Ao fazer propaganda, ele empresta sua imagem ou sua opinião?

Esse jogo só é disputado no campo do jornalismo esportivo, diga-se de passagem. Não veja essa discussão em outros campo da profissão.

E o jogo começa com dois capitães famosos: de um lado, Milton Neves, ou “Merchan Neves”, dado o seu apego em ser garoto-propaganda. O Rei do Jabá, ególatra convicto, mas ótimo comunicador, anuncia de tudo sem pudor, tanto que já se apresenta como Jornalista e Publicitário. Tem um rol de encrencas e processos judiciais de entupir qualquer Sistema Judicial, processando a todos que lhes dão motivos (ou não) para despertar sua ira.

Do outro, Juca Kfouri, dono de um estilo irredutível que lhe custou o exílio da TV aberta. É odiado na cartolagem e por boa parte de seus colegas de profissão. Com Milton Neves, já se engalfinhou diversas vezes nos tribunais.

O fato é que Jornalistas são péssimos anunciantes, e “merchan” testemunhal é um saco. Não raro, troco de canal quando começa um. Melhor seria se adotassem o modelo de “merchan” do CQC, em forma de esquetes, embora os integrantes do programa não sejam exatamente jornalistas.

Em 2003, uma reportagem da Carta Capital delineou os dois times, com depoimentos de seus jogadores.

Do lado da patrulha, Armando Nogueira, genial, disse que a propaganda conspurca a informação; Tostão saiu da Band porque a emissora transformou-se em um cassino televisivo; isso sem contar Jorge Kajuru, que afirmou ter desperdiçado já naquela época cerca de R$ 1 milhão por não se render ao jabá.

Do lado do jabá, além de Milton Neves, Chico Lang, que vende sua imagem, não sua opinião; Flávio Prado, que disse render condicionalmente ao “merchan” se não fizesse propaganda de determinados produtos, como bebidas alcoólicas (mais tarde, virou garoto propaganda da Brahma)...

O jogo também envolve questões além das metodológicas: envolve briga de egos, interesses comerciais de emissoras, relacionamento com clubes, jogadores, e por aí vai.

Se o Jornalista é tão preocupado com o Departamento Comercial, que faça propaganda sem receber a sua comissão, como faz José Luiz Datena. Pelo menos, pode alegar que estava a serviço da emissora.

A imagem do profissional merece cuidado, e o telespectador merece respeito.