segunda-feira, 12 de julho de 2010

SELEÇÃO DE TURISTAS



Posso dizer que acompanho a Copa do Mundo desde 1986, embora não soubesse direito o que se passava.

Também não sabia direito o que se passava em 1990, na Itália, embora já tivesse consciência que o time era sofrível.

A partir dos convocados de 1994 para frente, pude montar uma seleção de turistas que foram aos Mundiais:

Gilmar (1994): terceiro goleiro é sempre um turista. Por isso uns acreditam que a posição deva ser ocupada por alguém jovem que possa pegar o tal “espírito de Copa”. Outros pensam que o posto deva ser de alguém experiente que ajude o grupo. E ainda têm os que pensam que deva ser terceiro melhor goleiro do país e pronto. Parreira seguiu o segundo grupo no Mundial dos EUA, e levou Gilmar. Sem ter o que fazer, o goleiro serviu como cinegrafista oficial da delegação.

Zé Carlos (1998): o lateral foi convocado para a Copa sem nunca ter estreado pela Seleção. Um amistoso contra o Athletic Bilbao, uma Copa quase inteira no banco e eis que veio a suspensão de Cafu. E Zé Carlos, que até então só aparecia imitando animais, teve que entrar em campo contra a Holanda, onde nervoso, sofreu com as investidas de Zenden, e não conseguiu render no ataque. Menos mal que a vitória nos pênaltis livrou sua barra.

André Cruz (1998): zagueiro técnico, de início promissor, mas que não rendeu o esperado, André Cruz foi para a França como um segundo reserva para a zaga. Passou a Copa incólume.

Ronaldão (1994): a urucubaca baixou na defesa brasileira em 1994. Mozer e Ricardo Gomes foram cortados antes na preparação e Ricardo Rocha se contundiu no primeiro jogo. Aldair, que não estava na lista inicial acabou a Copa como titular. Com o corte de Ricardo Gomes, Ronaldo estava no Japão com o seu time, o Shimizu S-Pulse, fora chamado para a vaga. E chegou dizendo que não queria ser chamado de Ronaldão, mesmo com um outro Ronaldo no time. Na estreia, lá estava ele no banco, com a camisa 4, com Ronaldão escrito nas costas. E o nome pegou para o resto da carreira.

Gilberto (2006): Gilberto estava em ótima fase em 2006, mas o dono da posição era Roberto Carlos e pronto. Mesmo atuando bem contra o Japão, e até fazendo gol, assistiu de fora o resto da Copa. Inclusive a ajeitada de meião do titular durante gol de Henry.

Doriva (1998): Doriva era tido com o sucessor de Dunga, inclusive com o mesmo estilo voluntarioso de jogo. Mas ficou por aí: fez apenas figuração na França, para depois sumir no mapa.

Kléberson (2010): Kléberson ajeitou o meio em 2002, e foi apenas um figurante em 2010. Era reserva do Flamengo antes da Copa, e foi convocado apenas para completar grupo.

Ricardinho (2002 e 2006): em 2002, fora convocado em cima da hora para o lugar de Emerson, tanto é que enquanto o time estreava, ele estava a caminho da Coreia. Em 2006, já no grupo desde a convocação inicial, não teve chances reais de mostrar serviço.

Giovanni (1998): após um ano longe da Seleção, o jogador do Barcelona foi posto no time titular na estreia contra a Escócia, mas por lá durou apenas um tempo. E passou o resto da Copa sem jogar.

Grafite (2010): Adriano era favorito para a vaga, e Diego Tardelli corria por fora. A torcida clamava por Neymar. E Dunga chamou Grafite, que só jogara trinta minutos sob seu comando. Mal jogou, e quando o titular Luís Fabiano foi substituído contra a Holanda, Dunga preferiu Nilmar, um segundo atacante, do que um centro-avante de ofício.

Ronaldo (1994): Ronaldo ou Ronaldinho foi com 17 anos para os Estados Unidos. Começou a Copa no banco e de lá não saiu, mas pelo menos ganhou experiência para outras três Copas como protagonista do time.