quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

SEM MANIQUEÍSMOS

Ônibus do sistema Transcol, placa MSJ 5466, Viação Netuno, Linha 572, incendiado durante protesto no Centro de Vitória.

Nos protestos do ano passado, eu estava mais pendente para o lado do movimento estudantil.

Não uso mais o sistema de ônibus, mas sei como é cruel a vida de quem usa, mas pela porcaria de serviço que é oferecido, qualquer aumento seria ultrajante.

Fechar as principais vias de trânsito em uma cidade como Vitória é cruel, mas sinceramente, não tem outro jeito.Conquistas exigem sacrifício.

Só não concordo com a ideia de passe livre para os estudantes, a menos que seja para o deslocamento envolvendo o local de estudos. Cultura e lazer é um direito da população em geral, não apenas de quem frequenta a sala de aula. Ainda mais se pensarmos que por motivos óbvios, o conjunto de usuários pagará pelo privilégio.

O movimento estudantil, que reconheçamos, representa pequena parte da coletividade, se contentou em negociar o passe-livre, deixando de lado o preço da tarifa.

Além do mais, baderneiros e desocupados por lá não faltam.

E agora em Janeiro, o Governo, amparado pelo chamado Conselho Tarifário, reajusta o preço das passagens, quase que na surdina, aproveitando as férias dos estudantes.

Confesso que não tenho conhecimento da planilha, mas pela minha experiência em Contabilidade, sei que uma planilha, assim como um balanço, podem ser peças de ficção, sem nenhuma dificuldade. me lembro que anos atrás, empresários pediam reajustes de x%, alegando que seria o valor mínimo para viabilizar o sistema. O valor era bem menor que isso, e nem assim, o sistema quebrava.

Aliás, empresas de ônibus são negócios para lá de lucrativos.

E a CPI do Transcol, que ninguém mais fala?

Sei que existe o discurso da "ordem" e do "respeito á lei", mas se isso for levado em consideração à ferro e fogo, nenhuma manifestação seria tolerável. A questão aqui são os métodos utilizados.

Incendiar ônibus é coisa de terrorista, e seja lá quem for o responsável, deve ser severamente punido, seja ele manifestante ou alguém infiltrado.

E que sejam investigados também os excessos da PM. Liberar o tráfico usando a força da lei é uma coisa, agora prender e tomar equipamento de quem fotografava e filmava os acontecimentos é coisa de gente que quer esconder alguma coisa errada.

É preciso pensar com calma no que ocorreu, e buscar fontes confiáveis para a análise. Por fontes confiáveis, exclui-se a imprensa local, que só ouviu um dos lados.

Tive a oportunidade de ler A TRIBUNA ontem. Coisa vergonhosa, parecia um jornaleco chapa branca, o que não me estranha, se lembrarmos o caso da censura à coluna de Elio Gaspari, a serviço do governo estadual. Como ouvi certa vez, "jornalista não precisa ter opinião, quem tem que ter opinião é o dono do jornal". E como a opinião da imprensa está no canhoto do talão de cheque do governo, através de generosas verbas publicitárias.

Então, vamos com calma...