quarta-feira, 25 de maio de 2011

AOS PITAQUEIROS, PALPITEIROS, DESINFORMADOS E MAL-INTENCIONADOS



Que educação é um tema estratégico para o desenvolvimento de uma nação, creio que poucos duvidam. Mas o problema é como esse tema é observado. Na imprensa, e mais recentemente, nas redes sociais, é impressionante como se apresentam comentaristas a analisar o que ocorre na educação.


A maioria, um bando de pitaqueiros, parecido com os comentaristas de sofá que se põem a a fazer análise futebolística sem saber nem ao menos como é a regra do impedimento. É aquele tipo que se arroga o direito de culpar esse ou aquele pelo fracasso no setor.

Sugerem o aumento da carga horária, mas não sabem se os Sistemas Educacionais têm condições de fazê-lo com qualidade; criticam as greves no Magistério, acusando os profissionais de preguiçosos e mercenários; acreditam que disciplinas como Sociologia, Filosofia e Artes são perda de tempo; e do alto de sua estupidez, acreditam que Computadores são suficientes para deixar uma escola moderna.

Outro grupo, é formado por pessoas que realmente sabem do que falam, mas o problema é o que falam, e a quem representam. Nesse grupo, está uma série de especialistas e “ispessialistas” do tema. Gente que embasada por números, acredita que o problema educacional é questão econômico-numérica. Resumindo: é preciso “otimizar” os gastos. Consequências : salas lotadas (diversas vezes ultrapassando o limite legal); política da reprovação zero, maquiando as estatísticas; gastos inúteis, mais baseado em idéias de algum burocrata irracional do que a necessidade real do educando e da comunidade escolar; imposição de regimes de metas aos profissionais do ensino, como se fosse deles a única responsabilidade do fracasso da escola; e lá se vai uma série de idéias estapafúrdias.

Logo ao lado destes, estão os sonhadores. Os que acreditam que a escola pode se tornar uma filial do Paraíso, onde aluninhos contentes trabalham alegres, motivados por profissionais, que mesmo diante de todas as adversidades, trabalham risonhos e eternamente contentes. Se surge alguma dificuldade, basta o carisma da escola para reverter. Punições, segundo a sua ótica, servem apenas para reproduzir uma prática cruel da sociedade, para castigar alguém que é uma vítima inocente de uma sociedade cruel, corrompida e acima de tudo, excludente. Nessa linha, surge o “amigo da escola”, o voluntário que tenta suprir alegremente a lacuna que o Estado não preencheu ou se recusa a preencher.

O mais perverso desse grupo é formado pelos adeptos da teoria da conspiração. Vamos a um caso específico: no twitter, um usuário chega ao ponto de afirmar que os recentes embates entre professores e administrações na Grande Vitória, não passam de manobras políticas visando as eleições do ano que vem. Não se trata de falta de conhecimento, posso garantir que o indivíduo conhece bem a realidade das escolas em seu município, mas isso não lhe interessa, porque revelar isso pode lhe colocar em rota de choque com seu chefe, no caso, o próprio Prefeito.

Então, como é mais fácil desqualificar o adversário do que refutar os argumentos, só lhe resta enxergar uma sórdida conspiração para desestabilizar as administrações. No caso, seria desnecessário, dada a baixa aprovação da gestão da qual faz parte. Seu superior solapou os diretores eleitos pela comunidade escolar, distribuindo os cargos para “gente sua”, e para corroborar com o chefinho, o tuiteiro insinua que a escolha popular deve ser preterida em nome da tal “formação”. Sendo assim, poderíamos acabar com eleições diretas para cargos públicos? Se fosse um golpista direitalha, tudo bem, mas se trata de um cidadão que (ainda) faz parte de um partido (que se diz) de esquerda.

Recomendo ao dito internauta sair de seu gabinete refrigerado e passar um tempinho na escola. Se a necessidade de afinar o seu discurso com o discurso oficial não prevalecer, ele provavelmente mude de idéia. Talvez o friozinho do gabinete esteja gelando sua idéias.