quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

NINHO EM TURBULÊNCIA



Ótima matéria da Carta Capital essa semana sobre o PSDB.


O título é sugestivo: quem é o dono do PSDB? E mais adiante, envereda sobre os principais personagens da guerra no ninho.

Ei-los:

José Serra, o acuado: Serra disse ao final do Segundo Turno, que dava apenas um “até logo”. E é assim que ele quer que seja, que aquele fosse o primeiro passo para uma nova tentativa de chegar ao Planalto. Para começar, quer um aliado na presidência do partido, ou quem sabe, ele mesmo assumir o comando da legenda. Como caminho eleitoral, pode se candidatar à Prefeitura de São Paulo e retomar o mesmo caminho entre 2002 e 2010, apenas saltando o Governo de São Paulo.

Mas está encurralado no ninho: não conseguiu encontrar o tom ideal na campanha, oscilando entre a crítica rasteira e propostas vazias. Saiu do pleito com um capital de 44 milhões de eleitores, que não se sabe se são seus, do PSDB, anti-Lula, herdeiros da Marina, ou seja lá de quem for.

Aécio Neves, o pretendente: Aécio caminhou meticulosamente seu caminho de tucano-mor. Primeiro, transformou Minas em seu feudo, fazendo dela o que bem quis: se aliou ao PT nas eleições de Belo Horizonte, elegeu a si mesmo e a Itamar Franco como senadores e o desconhecido Antônio Anastasia como governador.

Depois de ensaiar aproximações com Lula e de fazer jogo de cena com Serra, se prepara para finalmente se lançar candidato em 2014. Para tanto, faz parte do grupo que quer a indicação do candidato do partido já em 2012, antes que Serra ressurja. Prefere que o novo presidente da legenda seja alguém próximo a si, ou pelo menos, neutro na disputa.

Geraldo Alckmin, o cauteloso: Alckmin e Serra sempre mantiveram o ditado “mantenha seu amigo por perto, e seu inimigo mais perto ainda”. Por mais que Alckmin tenha ódio de Serra, sempre foi prudente ao não declarar guerra, embora demonstrasse que não seria submisso.

Sua aliança com Aécio é meramente circunstancial: para neutralizar a ação de Serra no tucanato paulista, evitar que ele sabote seus interesses na eleição municipal de 2012, e de quebra, que seu antecessor tente ser seu sucessor em 2014. Para tanto, já buscou uma postura de menos confronto com o Governo Federal, ao elogiar publicamente a presidente Dilma Rousseff.

Fernando Henrique, o reabilitado: FHC foi coadjuvante em 2002, e ocultado em 2006 e 2010. Aécio prega publicamente a sua exposição, e em troca, o ex-presidente o elogia publicamente e desanca Serra (criticou a citação da questão do aborto na última campanha).

FHC não tem potencial de apoio a ninguém, mas é um ponto chave na campanha e uma encruzilhada de opinião do tucanato: ter ou não ter orgulho de um governo que se defende tanto, mas que é rejeitado pela opinião pública?

Esses são alguns personagens apenas, ainda tem Sérgio Guerra, Beto Richa e gente de outros partidos, como Kassab, Jarbas Vsconcellos..