segunda-feira, 22 de agosto de 2011

A MÁQUINA EMPERROU?



Uma das piadinhas sobre o momento do futebol brasileiro é: “faltam três anos, doze estádios e um time para a Copa”. A primeira afirmativa é incontestável, até pela cronologia; a segunda é uma realidade temerária, e que com certeza, se tornará cara; e a terceira, tenho dúvidas.
Há muitos anos que ouço que o futebol brasileiro é capaz de mandar diversas seleções para o Mundial e que todas se saiam bem por lá. Mas seria isso uma verdade?

Há dez anos, a Seleção Canarinho vivia uma crise muito maior que a atual: o time tinha o seu terceiro técnico em quatro anos, lutava para se classificar para o Mundial que mais tarde ganharia, acabara de ser eliminado na Copa América por Honduras (!), após uma primeira fase sofrível, e na Copa das Confederações, só conseguiu o quarto lugar, após uma derrota perante a Austrália.

Nesse turbilhão, a Revista Placar perguntava se a fábrica de craques emperrara. Respondo logo que se não emperrou, pelo menos diminuiu a rotação. As exigências do tal “futebol moderno” privilegiaram a preparação física em detrimento da capacidade técnica. Os esquemas táticos foram minguando os ataques e inchando o meio-campo, em nome da tal “ocupação de espaços”. Não estou discutindo se a adaptação à essas transformações foram benéficas ou não, mas que a queda técnica anda paralela ao desenvolvimento da preparação física, isso anda.

Vou ao meu veredicto: o Brasil tem condições de montar um elenco em condições de alcançar o título, e convocar mais outros 23 que podem chegar entre os dezesseis, e mais 23 que podem chega à Copa. Não que a nossa “fábrica” esteja funcionando em sua plenitude, mas é que nossos principais rivais, talvez com exceção da Argentina e Holanda (só do meio para a frente), sofrem com seus reservas. Inclusive a campeã Espanha.

O Brasil vai ganhar a próxima Copa, embora eu torça por um Maracanazzo daqueles. Não é só eu quem acha isso: gente de pontas diferentes, como Mílton Neves e Jorge Kajuru também acham que se não der na bola, vai dar no apito, no tapetão, ou até mesmo na porrada.

Mas, e daí para a frente? Se bem cuidado, o time recentemente Campeão Sub-20 pode servir de base para um futuro promissor, ainda mais se levarmos em consideração que foi feita a opção por não levar Lucas e Neymar. Dois anos mais velhos, ainda estão os vice-campeões de 2009, incluindo o hoje adormecido Paulo Henrique Ganso. Ótima base para Londres/2012, ainda mais com a vantagem de não ter a bicampeã Argentina como adversária, esta última batida pelos uruguaios no Sul-Americano Sub-20.

Resumo dessa balada: o futebol brasileiro empobreceu, mas o futebol mundial também. É a tal história de se nivelar tudo por baixo.