quinta-feira, 3 de novembro de 2011

A F1 NA ÍNDIA


Vettel, no pódio do circuito de Buddh (Saurabh Das/AP)

fabioseixas.folha.blog.uol.com.br

Numa corrida menos empolgante do que o circuito fazia sonhar, o alemão não teve adversários. Não foi ameaçado em nenhum instante e conseguiu a 21ª vitória da carreira, a 11ª em 17 GPs neste ano. Mais: pela primeira vez, conseguiu um "Grand Chelem". Largou na pole, liderou todas as voltas, cravou a mais rápida e venceu.


Como se não bastasse, conseguiu um recorde que mostra bem o que foi seu domínio neste Mundial: com as 60 voltas lideradas na Índia, Vettel chegou a 711 na temporada.

Numa tacada só, superou Mansell (692 voltas em 1992) e Schumacher (683 em 2004) e se tornou o piloto
que mais voltas liderou em um campeonato em toda a história da categoria. É uma bela medida do que foi este 2011.

Uma meta atingida hoje sem grandes dificuldades. Na largada, com calor e sol na região do circuito de Buddh, Vettel tratou de acelerar e manter a ponta.
Alonso ficou mais preocupado em espremer Button do que em atacar Webber e se deu mal. Perdeu a terceira posição. Embalado, Button passou o australiano logo depois.
Mais pra trás, vários toques, algumas confusões. Barrichello estava numa delas. Após um choque com Maldonado, teve de passar nos boxes para trocar o bico.

O top 10 na primeira volta, Vettel, Button, Webber, Alonso, Massa, Hamilton, Rosberg. Schumacher, Sutil e Bruno.
Na quinta volta, Vettel já tinha 4s2 sobre Button, que tentava se livrar de Webber, na sua cola.
Nos boxes, algo curioso acontecia. Petrov, Pérez e Di Resta, os únicos a largarem com os problemáticos pneus duros, pararam nos boxes logo nas primeiras voltas e colocaram os macios, cumprindo o regulamento. Uma aposta interessante.

Na nona volta, Alguersuari passou Bruno, tirando-o da zona de pontos. Na volta seguinte, foi a vez de Buemi deixar o piloto da Renault para trás.

"Estou sem Kers", informou o brasileiro, pelo rádio.

Virou presa fácil, e só não foi ultrapassado por Maldonado na sequência porque o carro do venezuelano simplesmente apagou quando ele se preparava para o bote.

Então a corrida virou, com o perdão do trocadilho, uma fila indiana. Distâncias estabelecidas lá na frente, ninguém passava ninguém, emoções em baixa.

Nem nos boxes a coisa ficou mais agitada.

Na 16ª volta, Sutil, então o 11º, abriu a primeira rodada de pits. Webber, Alonso, Hamilton e Alguersuari pararam na volta seguinte. Massa entrou na 18ª. Button parou na 19ª e conseguiu voltar à frente do australiano. Vettel visitou os boxes na 20ª e, no retorno, ainda tinha 3s1 sobre o inglês.

Na 24ª volta, enfim, um lance controverso. De novo entre Massa e Hamilton, na luta pela quinta posição.
O inglês tentou fazer uma ultrapassagem por dentro da curva 4, Massa não deixou espaço, os dois se tocaram. No "ao vivo", achei que a culpa fosse do brasileiro. Revendo, mudei de opinião: acho que o inglês se jogou na curva, arriscou demais, usou a Ferrari como anteparo para sua velocidade.

A punição, desta vez, veio para Massa: um drive through. Mas nada disso importa. Nem minha opinião sobre este incidente isolado, aliás.

O que importa é o histórico. E que a FIA precisa, urgentemente, chamar esses dois para uma conversa bem séria.

Se é para alimentarem rixa pessoal, se é para se comportarem como garotos que se pegam na saída da escola, que ambos sejam tratados como tais.

Uma suspensão de um GP para ambos seria uma bela lição. Punição exemplar para ambos, sem entrar no mérito de quem errou mais neste ano ou de quem começou a briguinha. Até porque a rixa deles acontece em carros a mais de 300 km/h.

Que a FIA tome alguma atitude séria antes que alguém se machuque.

Na 34ª volta, o péssimo domingo de Massa chegou ao fim. Detonou a suspensão dianteira esquerda na zebra, de novo, e abandonou o GP.

Erro dele, que passou novamente naquele calombo laranja no limite para a área de escape? Talvez. Mas uma suspensão não pode entortar daquele jeito, por tão pouco. A Ferrari precisa rever se a tal nova asa dianteira não está sobrecarregando o sistema todo ali atrás.

Na 38ª volta, Webber abriu a segunda janela de pits para a turma da ponta. Alonso parou na 40ª, ganhou a terceira posição e tratou de abrir vantagem na volta à pista. Rosberg e Hamilton pararam na 46ª. Na sequência, Button e Vettel entraram. Schumacher só parou na 51ª e ganhou a quinta posição do companheiro.

Pole position e com a vitória garantida, Vettel então usou as últimas voltas para garantir o Grand Chelem.

Como se o melhor tempo conquistado na 59ª volta não prestasse, ele baixou ainda mais a marca na última, a caminho da bandeirada. Abusou.

Button e Alonso fecharam o pódio. Completando o top 10, Webber, Schumacher, Rosberg, Hamilton, Alguersuari, Sutil e Pérez. Bruno, numa estratégia meio estapafúrdia, fazendo o segundo pit no finalzinho, terminou em 12º, imediatamente atrás de Petrov.

Com o resultado, o alemão vai a 374 pontos no Mundial, contra 240 de Button e 227 de Alonso. Webber tem 221 e acho que já está fora da disputa pelo vice. Hamilton tem 202. Massa é o sexto, com 96.

No Mundial de Construtores, a Red Bull foi a 595. A McLaren tem 442. A Ferrari, 323.

Se vencer em Abu Dhabi e Interlagos, Vettel atingirá outro recorde. Igualará as 13 vitórias de Schumacher em 2004.